São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Atentado agora mata filho de agente penitenciário

Douglas Konishi de Souza, 23, recebeu quatro tiros ontem, quando saía de sua casa

Essa foi a nona morte em ataques desde o dia 28 de junho; horas antes, uma bomba caseira foi atirada em um batalhão da PM


DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

O filho de um agente penitenciário foi morto a tiros por volta das 6h20 de ontem em uma rua do Jabaquara (zona sul de São Paulo). Foi a nona morte em ações semelhantes desde 28 de junho, quando os ataques a agentes de segurança do Estado atribuídos ao PCC recrudesceram e se tornaram quase diários. Horas antes, a 4 km do local do assassinato, uma bomba caseira foi atirada em um batalhão da Polícia Militar.
Um carcereiro atacado na semana passada teve morte cerebral ontem e permanecia internado até o final da noite.
A nona morte ocorreu horas após o governo do Estado anunciar, como medida de segurança para a categoria, a criação de um tipo de "SOS Agente", serviço telefônico vinculado ao Comando Geral da PM.
As novas ações, segundo a Folha apurou, fazem parte de uma estratégia do PCC (Primeiro Comando da Capital) para evitar que seus principais líderes sejam levados ao presídio federal de Catanduvas (PR).
Seria também um protesto contra o que os presos passaram a chamar de "Big Brother da tortura", como eles definem a situação nas penitenciárias de Araraquara e Itirapina, totalmente destruídas em rebeliões.
A vítima de ontem, o jogador de futebol desempregado Douglas Konishi de Souza, 23, levava a mulher ao ponto de ônibus quando foi baleado por uma dupla que desceu de um Astra ou um Corsa de cor prata.
Segundo a polícia, o atleta recebeu quatro tiros na cabeça, no abdômen e no tórax.
Além do pai, que trabalha no CDP de Diadema, o cunhado de Souza é agente em Mauá.
Segundo parentes, a vítima morava com o cunhado, de 30 anos. O cunhado costumava sair de casa no mesmo horário que Souza. Ambos têm porte físico semelhante e mesma altura, relataram familiares.
A Secretaria da Segurança investiga se a vítima foi confundida com o parente, mas não comentou os ataques de ontem nem falou do andamento das investigações dos outros assassinatos. Também o Sifuspesp (sindicato dos agentes) considera provável que Souza tenha sido morto por engano.
Antes de Souza, foram assassinados seis agentes de segurança e dois PMs.
O local onde Souza foi morto fica a 4 km de uma companhia da PM atingida por uma bomba caseira, com baixo potencial explosivo, por volta da 1h.
O chefe dos investigadores do 35º DP (que investiga as duas ações), Orlando José, afirmou que não está descartada a ligação do PCC com os casos e ainda não é possível saber se foram os mesmos autores.
Após o atentado à bomba, foi reforçada a segurança em torno da companhia da PM, como já ocorrera no final de semana na zona leste de São Paulo após o assassinato de um sargento da reserva da PM, com 19 tiros.
Em razão do ataque à base da PM, o comando da corporação realizou uma reunião de emergência para tratar do assunto, segundo a Folha apurou.
Apesar da nova morte, o sindicato não foi recebido pelo secretário Antonio Ferreira Pinto (Administração Penitenciária) ontem, como estava previsto, segundo a entidade.
"Precisamos saber o que o governo vai apresentar de objetivo para termos segurança", afirmou João Rinaldo Machado, presidente do Sifuspesp. Ele disse que a reunião foi transferida para o dia 17.
Por meio de seus assessores, Ferreira Pinto disse que estão sendo tomadas ""medidas internas" para garantir a segurança dos agentes penitenciários, que serão detalhadas ainda nesta semana.


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