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Atentado agora mata filho de agente penitenciário
Douglas Konishi de Souza, 23, recebeu quatro tiros ontem, quando saía de sua casa
Essa foi a nona morte em ataques desde o dia 28 de junho; horas antes, uma bomba caseira foi atirada em um batalhão da PM
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
O filho de um agente penitenciário foi morto a tiros por
volta das 6h20 de ontem em
uma rua do Jabaquara (zona
sul de São Paulo). Foi a nona
morte em ações semelhantes
desde 28 de junho, quando os
ataques a agentes de segurança
do Estado atribuídos ao PCC
recrudesceram e se tornaram
quase diários. Horas antes, a 4
km do local do assassinato, uma
bomba caseira foi atirada em
um batalhão da Polícia Militar.
Um carcereiro atacado na semana passada teve morte cerebral ontem e permanecia internado até o final da noite.
A nona morte ocorreu horas
após o governo do Estado
anunciar, como medida de segurança para a categoria, a criação de um tipo de "SOS Agente", serviço telefônico vinculado ao Comando Geral da PM.
As novas ações, segundo a
Folha apurou, fazem parte de
uma estratégia do PCC (Primeiro Comando da Capital) para evitar que seus principais líderes sejam levados ao presídio
federal de Catanduvas (PR).
Seria também um protesto
contra o que os presos passaram a chamar de "Big Brother
da tortura", como eles definem
a situação nas penitenciárias de
Araraquara e Itirapina, totalmente destruídas em rebeliões.
A vítima de ontem, o jogador
de futebol desempregado Douglas Konishi de Souza, 23, levava a mulher ao ponto de ônibus
quando foi baleado por uma
dupla que desceu de um Astra
ou um Corsa de cor prata.
Segundo a polícia, o atleta recebeu quatro tiros na cabeça,
no abdômen e no tórax.
Além do pai, que trabalha no
CDP de Diadema, o cunhado de
Souza é agente em Mauá.
Segundo parentes, a vítima
morava com o cunhado, de 30
anos. O cunhado costumava
sair de casa no mesmo horário
que Souza. Ambos têm porte físico semelhante e mesma altura, relataram familiares.
A Secretaria da Segurança investiga se a vítima foi confundida com o parente, mas não comentou os ataques de ontem
nem falou do andamento das
investigações dos outros assassinatos. Também o Sifuspesp
(sindicato dos agentes) considera provável que Souza tenha
sido morto por engano.
Antes de Souza, foram assassinados seis agentes de segurança e dois PMs.
O local onde Souza foi morto
fica a 4 km de uma companhia
da PM atingida por uma bomba
caseira, com baixo potencial
explosivo, por volta da 1h.
O chefe dos investigadores
do 35º DP (que investiga as
duas ações), Orlando José, afirmou que não está descartada a
ligação do PCC com os casos e
ainda não é possível saber se foram os mesmos autores.
Após o atentado à bomba, foi
reforçada a segurança em torno
da companhia da PM, como já
ocorrera no final de semana na
zona leste de São Paulo após o
assassinato de um sargento da
reserva da PM, com 19 tiros.
Em razão do ataque à base da
PM, o comando da corporação
realizou uma reunião de emergência para tratar do assunto,
segundo a Folha apurou.
Apesar da nova morte, o sindicato não foi recebido pelo secretário Antonio Ferreira Pinto (Administração Penitenciária) ontem, como estava previsto, segundo a entidade.
"Precisamos saber o que o
governo vai apresentar de objetivo para termos segurança",
afirmou João Rinaldo Machado, presidente do Sifuspesp.
Ele disse que a reunião foi
transferida para o dia 17.
Por meio de seus assessores,
Ferreira Pinto disse que estão
sendo tomadas ""medidas internas" para garantir a segurança
dos agentes penitenciários, que
serão detalhadas ainda nesta
semana.
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