São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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SP define lista dos presos que quer isolar

Maioria dos detentos que o governo pretende transferir para o presídio federal no Paraná tem ligação com cúpula do PCC

Escolha de nomes levou em conta escutas telefônicas e a opinião de diretores de presídios e delegados; decisão final caberá à Justiça


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à crise na segurança de São Paulo, o governo do Estado já tem a lista de presos que quer transferir nos próximos dias para o presídio federal de Catanduvas (PR). A maioria deles tem ligação com a cúpula da facção criminosa PCC.
Para chegar aos nomes dos presos que deverão ocupar 40 das 208 celas da prisão federal, Cláudio Lembo (PFL) levou em conta informações sobre como é a atual hierarquia da facção e também um cruzamento de informações das secretarias da Administração Penitenciária e da Segurança Pública. Muitas escutas telefônicas também serviram de critério para determinar quem deveria entrar na lista dos "transferíveis".
Diretores de alguns dos 35 presídios (com 32 mil detentos) da região oeste do Estado e delegados também deram opinião sobre quais criminosos deveriam ou não ir cumprir pena em isolamento total.
"Esse [transferência de presos] é um trabalho de inteligência. Nós estamos trabalhando os nomes sim e, no momento certo, se necessário, nós vamos transferir para Catanduvas", disse, ontem, Lembo.
Nas duas secretarias de Estado existe uma indefinição: quando os presos serão levados para Catanduvas. O motivo: o Estado sabe que os homens do PCC, dentro e fora das prisões, têm ordem para que novas rebeliões e ataques contra o governo comecem após as transferências dos líderes.
Ainda dentro do governo paulista existe a "questão política": transferir os líderes do PCC, na visão de tucanos ligados ao presidenciável e ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), pode ser visto como "um atestado de incompetência" na área da segurança pública, assim como ocorreu com o governo do Rio de Janeiro, que, em 2003, transferiu o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para Presidente Bernardes.
A escolha dos presos que serão abrigados em Catanduvas será feita pela 1ª Vara Federal Criminal de Curitiba a partir de uma lista elaborada pelas Justiças de Estados que querem enviar presos para o local.
Na segunda, funcionários da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP) ficaram sabendo que alguns dos 400 detentos que estão no local, todos eles ligados ao PCC, estabeleceram um prazo até, no máximo, amanhã para que o governo do Estado transfira os detentos de Araraquara e Itirapina. Conversas interceptadas pelo serviço de inteligência da Administração Penitenciária dão conta de que os presos preparam uma nova onda de rebeliões e ataques caso os presos não sejam removidos.
A ordem é a mesma dada pelos líderes do grupo em 12 de maio, quando o PCC iniciou a afronta ao Estado: atacar "calças azuis" (agentes penitenciários ou carcereiros, mas não os seus parentes), "calças cinzas" (PMs), "preto e branco" (policiais civis) e "capas pretas" (juízes e promotores).


Colaborou a Agência Folha

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