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SP define lista dos presos que quer isolar
Maioria dos detentos que o governo pretende transferir para o presídio federal no Paraná tem ligação com cúpula do PCC
Escolha de nomes levou em conta escutas telefônicas e a opinião de diretores de presídios e delegados; decisão final caberá à Justiça
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à crise na segurança
de São Paulo, o governo do Estado já tem a lista de presos que
quer transferir nos próximos
dias para o presídio federal de
Catanduvas (PR). A maioria deles tem ligação com a cúpula da
facção criminosa PCC.
Para chegar aos nomes dos
presos que deverão ocupar 40
das 208 celas da prisão federal,
Cláudio Lembo (PFL) levou em
conta informações sobre como
é a atual hierarquia da facção e
também um cruzamento de informações das secretarias da
Administração Penitenciária e
da Segurança Pública. Muitas
escutas telefônicas também
serviram de critério para determinar quem deveria entrar na
lista dos "transferíveis".
Diretores de alguns dos 35
presídios (com 32 mil detentos) da região oeste do Estado e
delegados também deram opinião sobre quais criminosos deveriam ou não ir cumprir pena
em isolamento total.
"Esse [transferência de presos] é um trabalho de inteligência. Nós estamos trabalhando
os nomes sim e, no momento
certo, se necessário, nós vamos
transferir para Catanduvas",
disse, ontem, Lembo.
Nas duas secretarias de Estado existe uma indefinição:
quando os presos serão levados
para Catanduvas. O motivo: o
Estado sabe que os homens do
PCC, dentro e fora das prisões,
têm ordem para que novas rebeliões e ataques contra o governo comecem após as transferências dos líderes.
Ainda dentro do governo
paulista existe a "questão política": transferir os líderes do
PCC, na visão de tucanos ligados ao presidenciável e ex-governador Geraldo Alckmin
(PSDB), pode ser visto como
"um atestado de incompetência" na área da segurança pública, assim como ocorreu com o
governo do Rio de Janeiro, que,
em 2003, transferiu o traficante Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar, para
Presidente Bernardes.
A escolha dos presos que serão abrigados em Catanduvas
será feita pela 1ª Vara Federal
Criminal de Curitiba a partir de
uma lista elaborada pelas Justiças de Estados que querem enviar presos para o local.
Na segunda, funcionários da
Penitenciária 2 de Presidente
Venceslau (620 km de SP) ficaram sabendo que alguns dos
400 detentos que estão no local, todos eles ligados ao PCC,
estabeleceram um prazo até,
no máximo, amanhã para que o
governo do Estado transfira os
detentos de Araraquara e Itirapina. Conversas interceptadas
pelo serviço de inteligência da
Administração Penitenciária
dão conta de que os presos preparam uma nova onda de rebeliões e ataques caso os presos
não sejam removidos.
A ordem é a mesma dada pelos líderes do grupo em 12 de
maio, quando o PCC iniciou a
afronta ao Estado: atacar "calças azuis" (agentes penitenciários ou carcereiros, mas não os
seus parentes), "calças cinzas"
(PMs), "preto e branco" (policiais civis) e "capas pretas" (juízes e promotores).
Colaborou a Agência Folha
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