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Chefe de fiscais e assessor político são presos
Além deles, mais 9 pessoas foram presas acusadas de usar Subprefeitura da Mooca para extorquir dinheiro de camelôs
Segundo a polícia, acusados arrecadavam cerca de R$ 1 milhão por mês; subprefeito exonerou dois dos suspeitos e pediu o afastamento de 3
Robson Ventura/Folha Imagem
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Policiais prendem Georges Marcelo Eivazian, 29, assessor da Subprefeitura da Mooca, acusado de cobrar propina de camelôs em SP
KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Onze pessoas foram presas
ontem pela Polícia Civil, acusadas de integrar duas quadrilhas
que usavam a infra-estrutura
da Subprefeitura da Mooca para extorquir mais de R$ 1 milhão a cada mês de vendedores
ambulantes, donos de bares e
de empreendimentos imobiliários na zona leste de São Paulo.
Dos 11 presos, cinco eram
funcionários da subprefeitura.
Todos tiveram a prisão temporária -por cinco dias- decretada pela Justiça. Dois camelôs
estão foragidos.
Um dos presos é Georges
Marcelo Eivazian, 29, assessor
político do subprefeito da Mooca, Eduardo Odlak, e militante
do DEM, partido do prefeito
Gilberto Kassab, candidato à
reeleição. Ele foi detido em um
motel, com uma prostituta, durante o horário de trabalho.
Candidato em 2006 a deputado estadual pelo então PFL
(atual DEM), Marcelo Eivazian
é apontado como chefe da quadrilha acusada de achacar ambulantes ilegais que atuam no
Brás, Mooca e Tatuapé.
Com o irmão Felipe, chefe
dos fiscais da subprefeitura,
também preso na operação de
ontem, Eivazian é acusado de
exigir R$ 1.000 por mês, em
média, para que cerca de 500
ambulantes pudessem atuar
sem sofrer fiscalização. A cada
mês, o grupo arrecadaria, segundo a polícia, R$ 500 mil.
Os irmãos foram contratados
pelo subprefeito Odlak e seus
cargos eram considerados de
confiança. Outro preso ontem,
o advogado Leandro Giannasi
Severino Ferreira, foi candidato a deputado estadual pelo PL,
atual PR, em 2002.
Ferreira advoga para Marcelo Eivazian e é suspeito de exigir dinheiro de donos de bares
da Mooca, onde os irmãos tinham atuação profissional, para que os estabelecimentos pudessem operar sem seguir a lei
-funcionar além do horário
permitido e manter mesas nas
calçadas, por exemplo.
Além dos três, a polícia ainda
procura um outro suspeito,
identificado como Leandro.
A outra quadrilha
Além dos irmãos Eivazian,
também foram presos três
agentes de apoio de fiscalização
da Subprefeitura da Mooca:
Edson Alves Mosqueira, Nilson
Alves de Abreu e Ronaldo Correa da Silva. Sem atribuição para realizar qualquer tipo de
apreensão contra camelôs, os
três, de acordo com a polícia, se
passavam por fiscais para praticar as extorsões a outro grupo
de ambulantes.
Após as prisões, o subprefeito da Mooca anunciou ter exonerado os dois irmãos e pedido
o afastamento dos três agentes
de apoio, para que eles respondam processo administrativo.
Odlak disse que "foi traído".
Os camelôs Manoel Severino
Bezerra de Melo, Hugo de Santana Andrade, Lisoamar Rodrigues de Souza, Maria Ivanilde
Lima da Silva e João Jorge Cunha também foram presos. Estão foragidos os ambulantes
Juvemar Pinto dos Santos, o
Mazinho, e Ademir Batista.
Todos eles são acusados pela
polícia e pela Promotoria de recolher junto aos outros ambulantes o dinheiro da propina
para repassá-lo aos agentes de
apoio presos ontem.
Em troca, a quadrilha dava
informação antecipada sobre a
fiscalização e proteção aos ambulantes. Quem não pagasse
-cada camelô dava entre R$ 20
e R$ 30, por semana -tinha a
mercadoria apreendida. Esse
esquema, segundo a polícia,
renderia R$ 560 mil mensais.
Segundo o promotor José
Carlos Blat, os cinco funcionários da subprefeitura são acusados de concussão (extorsão
praticada por funcionário público) e formação de quadrilha.
Os camelôs são suspeitos de
corrupção ativa e de integrar a
quadrilha formada para realizar as extorsões.
Marcelo Eivazian também
foi acusado de tráfico de influência e terá de responder
por porte de entorpecente. Segundo a polícia, foram achados
dois papelotes de cocaína.
A ação dos funcionários da
Subprefeitura da Mooca e dos
camelôs acusados de fazer a recolha das propinas para eles, de
acordo com a polícia, era investigada havia três meses.
Escutas telefônicas realizadas com autorização judicial
serviram como base para os pedidos de prisões feitos à Justiça. Nas escutas, Marcelo Eivazian foi flagrado dizendo que,
cada semana, "o acerto é esse:
todos os dias é o dobro de mil.
Se não vier, acabou, velho! Ninguém mais trabalha."
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