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Parentes de ambulantes presos reclamam de ação da polícia
DA REPORTAGEM LOCAL
A prisão dos camelôs acusados de integrar o esquema de
propina em troca de informação e proteção, revoltou amigos
e parentes dos suspeitos que foram reclamar com a imprensa
da ação dos policiais na porta
do 91º Distrito Policial, no Ceasa (zona oeste da capital).
"Os camelôs presos não são
bandidos, são pessoas que precisam recolher dinheiro para
todos os outros trabalharem
em paz", disse a ambulante
Noelia, 32, que se negou a dar o
sobrenome. "É para não sofrer
represália depois."
Segundo ela e mais quatro
ambulantes, que se identificaram como "companheiros" e
"familiares" dos camelôs presos, a polícia foi "truculenta" na
operação que resultou na prisão de 11 suspeitos de integrarem duas quadrilhas que extorquiam dinheiro de outros vendedores da feirinha da madrugada, na região do Brás.
Como exemplo, Noelia citou
o cumprimento do mandado de
prisão contra seu amigo, o camelô Manoel Severino Bezerra
de Melo, acusado de recolher o
dinheiro dos outros ambulantes para pagar três agentes da
subprefeitura da Mooca.
"Ele [Bezerra de Melo] é
obrigado a fazer isso [recolher o
dinheiro]. Não é porque ele
quer. Se ele não levar o dinheiro, ninguém trabalha. Não pode
ocorrer o que foi feito pela polícia, que prendeu ele como um
marginal. Trinta policiais o
abordaram e o algemaram",
disse a ambulante, que alega
trabalhar irregularmente.
"Eu preciso vender. Não tenho dinheiro para pagar alvará.
Sou mãe solteira, tenho uma filha pequena para cuidar. Ganho R$ 30 por dia", disse Noelia, que, apesar de defender o
amigo, afirmou não concordar
com o esquema de propina.
"Esse esquema só existe porque tem gente grande, como esses fiscais [na verdade, agentes
de apoio fiscal] da subprefeitura que ameaçam recolher nossa
mercadoria se não pagarmos a
propina", afirmou a mulher.
Questionada se o esquema de
propina iria acabar com a prisão da quadrilha, ela afirmou
que não. "Isso não acaba, não
tem fim. Nós moramos no Brasil, se esqueceu?"
(KT e AC)
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