São Paulo, domingo, 12 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia depende da população, diz cônsul

Responsável pelo consulado japonês no Rio trabalhou no planejamento do policiamento comunitário em seu país

Para Yasuaki Ishii, que é policial, sistema no Japão é o símbolo da segurança; "Isso está arraigado na cabeça das pessoas", afirma

DA SUCURSAL DO RIO

Policial há 28 anos, Yasuaki Ishii, 47, cônsul do Japão no Rio, afirma que o sucesso do policiamento comunitário depende também dos moradores da região atendida. Ishii, que atuou no planejamento do "sistema Koban" no Japão, afirma que, ao mesmo tempo, a polícia deve mostrar à comunidade qual sua função no local e o que a corporação pode fazer pela população. "A maioria das pessoas sabe que a polícia existe, mas não o que ela faz". Leia trechos da entrevista, concedida em japonês, com uma tradutora.

 

FOLHA - Como sair da polícia reativa para comunitária?
YASUAKI ISHII -
Não seria uma tarefa somente da polícia. Temos que pensar o que é necessário além da mudança da estrutura policial. É imprescindível a colaboração da comunidade. O Koban no Japão é o símbolo da segurança. Isso está arraigado na cabeça das pessoas. A polícia precisa ser bem recebida.

FOLHA - Mas em muitos locais não se confia na polícia.
ISHII -
É importante transmitir para a comunidade o que a polícia está fazendo por ela. A maioria sabe que a polícia existe, mas não o que ela faz. Por outro lado, a polícia não sabe o que a comunidade gostaria que fosse feito. É importante criar espaço para troca de opiniões.

FOLHA - Já houve problemas na instalação do Koban?
ISHII -
Muitas vezes, o policial desconhece o que tem que fazer. Ele está trabalhando no posto, mas não sabe as suas funções. O posto existe como estrutura física, mas o sistema da polícia não mudou.

FOLHA - O policial deve atuar fora da área da segurança?
ISHII -
É possível criar uma divisória clara entre o que cabe ou não à polícia? Só podemos julgar se uma reclamação tem ligação com um crime ou não depois de ouvir. Se não for cabível à polícia, encaminhe para a autoridade competente. Se esse assunto cabe à própria comunidade resolver, o policial devolve a decisão. Se você não trabalhar em contato direto com a comunidade, não vai saber nem o que deve ser feito.


Texto Anterior: Brasil adota modelo japonês de polícia
Próximo Texto: Cabo faz trabalho social no interior de São Paulo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.