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Projetos modificam SP para a Copa de 2014
Ruas da metrópole devem ganhar em arquitetura e infraestrutura urbana se obras forem executadas
GUSTAVO FIORATTI
DA REVISTA DA FOLHA
Ir de São Paulo para o Rio de
Janeiro de trem-bala? Com internet wireless e o Vale do Paraíba passando na janelinha do
vagão? O trem sai de uma estação na região da Luz repaginada, que superou a palavra cracolândia? Até parece coisa de
um longínquo século 21. Para
não dizer "coisa de 2014", o ano
da Copa do Mundo no Brasil.
O exercício de imaginar uma
São Paulo reestruturada com
sistema de transporte adequado ao seu tamanho, transpassando prédios futurísticos tem
sido fomentado pelo maior
evento futebolístico do planeta.
Quando o novo estádio do
Morumbi receber seu primeiro
jogo da Copa de 2014, muita bola vai ter rolado. Especialmente
pelas ruas da metrópole, que
devem ganhar em arquitetura e
infraestrutura urbana.
Um metrô conectando o centro ao aeroporto de Cumbica.
Edifícios com arquiteturas de
grife espalhados pela cidade.
São rascunhos de uma nova São
Paulo em projetos que somam
R$ 32 bilhões, com recursos da
prefeitura, do Estado e do governo federal. Fora a participação da iniciativa privada, que
deve também estar otimista.
Mas uma dose de ceticismo
frente a tantos projetos é bem-vinda. Muitos foram negados
ou estão em fase de licitação.
A ideia que tem sido desenhada nas mesas de autoridades das três esferas de poder é
investir em estruturas que possam ser herdadas em definitivo. "Claro que o investimento
qualifica a cidade para o evento,
mas, acima de tudo, para o dia a
dia da população", diz o prefeito Gilberto Kassab.
Em outras palavras, o que for
construído para a Copa poderá
ser usado depois pelos paulistanos e visitantes.
De olho na oportunidade de
realizar um Mundial, organizações públicas e privadas começaram a se preparar para receber um número de turistas estimado em 500 mil dos quais 180
mil estrangeiros.
O setor hoteleiro deve fazer
uma expansão considerável de
42 mil quartos para 50 mil.
O aeroporto de Cumbica,
com a inauguração de um novo
terminal, deve passar a receber
29 milhões de passageiros por
ano. Hoje, são 17 milhões. O de
Viracopos também entra em
jogo, com previsão de ampliar
sua capacidade de 2 milhões
para 25 milhões até 2015.
Uma corrida contra o tempo
que promete transformar a cidade em um canteiro de obras
nos próximos anos.
Favelas do futuro
Um modelo de estudo para o
futuro da metrópole se baseia
em artigo elaborado pelo sueco
Jesper Nylund para a Swedish
University of Agricultural
Sciences, com apoio da embaixada da Suécia, que chega a
projetar uma São Paulo sustentável para o ano de 2050. O texto de 45 páginas faz uma prospecção com desenhos e descrições das favelas.
No futuro, segundo o projeto,
os formatos irregulares das
construções podem ser mantidos, mas com tratamento estético e pinturas das fachadas.
O fenômeno de projetar um
futuro distante para as cidades
se aproxima de um pensamento que tem varrido o mundo,
principalmente na China, no
Japão e na Europa.
A concepção de cidades
ideais está no centro de debates
em seminários e publicações
internacionais, depois que, em
2008, o número de pessoas que
vivem no espaço urbano superou a quantidade das que vivem
no campo.
Como se cidades tivessem vida própria. E vai falar que São
Paulo não tem...
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