São Paulo, domingo, 12 de julho de 2009

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Projetos modificam SP para a Copa de 2014

Ruas da metrópole devem ganhar em arquitetura e infraestrutura urbana se obras forem executadas

GUSTAVO FIORATTI
DA REVISTA DA FOLHA

Ir de São Paulo para o Rio de Janeiro de trem-bala? Com internet wireless e o Vale do Paraíba passando na janelinha do vagão? O trem sai de uma estação na região da Luz repaginada, que superou a palavra cracolândia? Até parece coisa de um longínquo século 21. Para não dizer "coisa de 2014", o ano da Copa do Mundo no Brasil.
O exercício de imaginar uma São Paulo reestruturada com sistema de transporte adequado ao seu tamanho, transpassando prédios futurísticos tem sido fomentado pelo maior evento futebolístico do planeta.
Quando o novo estádio do Morumbi receber seu primeiro jogo da Copa de 2014, muita bola vai ter rolado. Especialmente pelas ruas da metrópole, que devem ganhar em arquitetura e infraestrutura urbana.
Um metrô conectando o centro ao aeroporto de Cumbica. Edifícios com arquiteturas de grife espalhados pela cidade. São rascunhos de uma nova São Paulo em projetos que somam R$ 32 bilhões, com recursos da prefeitura, do Estado e do governo federal. Fora a participação da iniciativa privada, que deve também estar otimista.
Mas uma dose de ceticismo frente a tantos projetos é bem-vinda. Muitos foram negados ou estão em fase de licitação.
A ideia que tem sido desenhada nas mesas de autoridades das três esferas de poder é investir em estruturas que possam ser herdadas em definitivo. "Claro que o investimento qualifica a cidade para o evento, mas, acima de tudo, para o dia a dia da população", diz o prefeito Gilberto Kassab.
Em outras palavras, o que for construído para a Copa poderá ser usado depois pelos paulistanos e visitantes.
De olho na oportunidade de realizar um Mundial, organizações públicas e privadas começaram a se preparar para receber um número de turistas estimado em 500 mil dos quais 180 mil estrangeiros.
O setor hoteleiro deve fazer uma expansão considerável de 42 mil quartos para 50 mil.
O aeroporto de Cumbica, com a inauguração de um novo terminal, deve passar a receber 29 milhões de passageiros por ano. Hoje, são 17 milhões. O de Viracopos também entra em jogo, com previsão de ampliar sua capacidade de 2 milhões para 25 milhões até 2015.
Uma corrida contra o tempo que promete transformar a cidade em um canteiro de obras nos próximos anos.

Favelas do futuro
Um modelo de estudo para o futuro da metrópole se baseia em artigo elaborado pelo sueco Jesper Nylund para a Swedish University of Agricultural Sciences, com apoio da embaixada da Suécia, que chega a projetar uma São Paulo sustentável para o ano de 2050. O texto de 45 páginas faz uma prospecção com desenhos e descrições das favelas.
No futuro, segundo o projeto, os formatos irregulares das construções podem ser mantidos, mas com tratamento estético e pinturas das fachadas.
O fenômeno de projetar um futuro distante para as cidades se aproxima de um pensamento que tem varrido o mundo, principalmente na China, no Japão e na Europa.
A concepção de cidades ideais está no centro de debates em seminários e publicações internacionais, depois que, em 2008, o número de pessoas que vivem no espaço urbano superou a quantidade das que vivem no campo.
Como se cidades tivessem vida própria. E vai falar que São Paulo não tem...


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