São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2006

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Apesar de verba, Saulo continua no cargo

Secretário da Segurança afirmou que deixaria pasta caso governo federal liberasse imediatamente dinheiro para crise

Planalto repassou R$ 40 milhões de um total de R$ 107 milhões definidos em medida provisória, de julho, após ataques do PCC


DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal transferiu ontem para o governo do Estado de São Paulo R$ 44 milhões para a aquisição de equipamentos de segurança e inteligência para as penitenciárias paulistas. Apesar da liberação da verba, a medida não deve pôr um ponto final no bate-boca envolvendo o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, e o governo Lula.
Saulo -que disse que deixaria o cargo caso a promessa de transferência imediata de recursos para São Paulo fosse cumprida- voltou a negar ontem a sua saída.
No começo da semana, em entrevista, desafiou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a liberar os recursos. "Se o que ele disse acontecer, me calo e entrego o cargo. Agora, se não, ele entrega o cargo antes do dia 31, porque depois que acabar o governo não vale."
Thomaz Bastos, por outro lado, disse que a liberação não havia ocorrido por falta de projetos e documentos do Estado de São Paulo. Em reunião entre os dois governos, ocorrida anteontem em Brasília, foi definida a liberação de verbas e projetos a serem executados. Em 14 de julho, Medida Provisória definiu em R$ 107 milhões a verba para a segurança de São Paulo.
Desse total, além dos R$ 44 milhões liberados, o governo federal empenhou outros R$ 36 milhões (reservou a verba), que, no entanto, ainda depende da aprovação de projetos ou de licitação para ser liberado.
Ontem, Saulo passou a manhã e a tarde na secretaria, em reuniões internas, segundo a versão oficial. Questionada sobre por que Saulo não participou, por exemplo, de evento no qual as gestões Lula (PT) e Lembo (PFL) fecharam acordo na área de segurança, a assessoria de imprensa dele informou inicialmente que o secretário não foi convidado e que procura comparecer somente aos lugares para os quais é chamado.
Às 21h20, a assessoria divulgou uma nova versão: disse que houve esse convite, mas que, por ser uma solenidade militar, Saulo indicou o coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges para representá-lo.
O secretário não quis dar entrevista, mas ressaltou, pela assessoria de imprensa, que a promessa de Márcio Thomaz Bastos era fornecer dinheiro inclusive para a "reconstrução" de presídios em São Paulo, ou seja, para reformá-los, e não só para erguer novas unidades, como deve ocorrer.
Ontem, ao ser informado que os recursos já estavam à disposição, a assessoria de Saulo acrescentou que não adiantaria porque a verba não pode ser gasta, já que depende de licitação -algo que deve ser viabilizado apenas no ano que vem.


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