São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Omar, 45, virou o "pai-filho"

DA REVISTA DA FOLHA

"Sou o único filho, caçula de uma família de três irmãs. No dia do casamento da última solteira, em 1982, olhei bem para o meu pai e percebi que, cedo ou tarde, eu iria cuidar dele.
Depois que ficou viúvo, quando eu tinha apenas 11 meses, meu pai nunca conviveu com outras mulheres. Teve lá suas namoradas, claro, mas a gente nem sabia quem eram.
Lembro-me bem de outra paixão dele, o cinema. Tinha oito anos quando ele me levou, pela primeira vez, ao antigo Cine Marrocos, no centro, para um festival de desenhos. Fomos assistir a "Tom & Jerry".
Talvez a paixão estivesse relacionada com a profissão. Ele era dono de uma empresa de comunicação visual que trabalhava com propaganda nas salas de cinema. Acabei seguindo seus passos, trabalhei com ele quando moleque e, hoje, continuo tocando a firma.
No dia 3 de dezembro de 2006, estávamos em casa assistindo ao jogo do nosso time, o Corinthians, contra o Juventude. Resultado: 5 a 3 para o Timão. A partida acabou tarde. Insisti para que ele ficasse em casa. De manhã, papai acordou com dificuldade para respirar. Ele me chamou num canto, pediu desculpas para todos nós, como se se despedisse da vida.
Corremos para o pronto-socorro. Papai sofreu uma crise respiratória. Saiu de lá andando e animado. Eu, minha mulher e meus dois filhos ganhamos mais um morador.
Hoje, é dia de comemoração. Vou sair da cama cedo, fazer o café, aplicar sua injeção diária de insulina e ler as principais notícias. E, o mais gostoso, preparar a macarronada e o frango assado, que ele tanto adora."


Omar Antonio de Alcântara Filho, 45, administrador de empresas, é filho de Omar, 82


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