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No Rio, deficientes visuais
filmam curta-metragem
sobre dificuldades vividas
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Como pode ser um filme
feito por deficientes visuais?
A resposta está no título: "A
Vida Não se Resume a Olhares". O curta-metragem (11
minutos) será exibido hoje, às
18h, no Assim Vivemos, festival internacional de filmes
sobre deficiências em cartaz
até dia 19 no Centro Cultural
Banco do Brasil, no Rio.
Foi após acompanharem
uma sessão da mostra, há dois
anos, que oito alunos do Instituto Benjamin Constant, estimulados pela professora de
artes Marlíria Flávia, resolveram escrever um roteiro sobre as dificuldades e os preconceitos que enfrentam.
"Um escolheu fazer uma
cena sobre a dificuldade de se
entrar com cão-guia em museus. Outro sobre marcar encontros pela internet e a pessoa ficar decepcionada porque não sabia que tinha falado com um deficiente. Eu
juntei as cenas, digitei o roteiro, e era para ter ficado por
aí", conta Marlíria, 41.
Mas a estudante de pedagogia Alice Coutinho, 25, então
estagiando no instituto, perguntou: "por que não filmar?". Com câmera digital
emprestada, "cachorro emprestado" e salas do Benjamin Constant e ruas da Urca
(zona sul) como locações, Alice assumiu o papel de diretora, cabendo todas as outras
funções aos alunos.
"Como não havia roteiro
em braile, usamos muita improvisação", conta Alice. "O
importante é que eles falassem do seu jeito, sem parecer
decorado", explica Marlíria.
Jessica Vieira da Costa, 15,
é tão tímida que contou com o
auxílio da amiga Renata Salles, 17, para dizer à Folha que
ficou impressionada ao ouvir
sua própria voz no filme.
Já Renata se animou com
experiência e gostaria de fazer trabalhos em cinema, TV
ou teatro.
"Tentamos mostrar que o
deficiente visual é capaz como qualquer outra pessoa,
que também somos cidadãos", diz Luiz Otávio Paixão,
17, colega de set de Mário Victor, 16, Carlos Antônio da Silva, 15, Pedro Alves, 14, e Luan
Mendonça, 14.
Para fazer outros filmes, os
alunos dependem de um convênio que lhes possibilite
uma câmera e alguém para
operá-la. Para acompanhar
filmes em salas de cinema,
dependem do sistema de áudio-descrição, já usado no
CCBB do Rio, mas distante
do circuito comercial.
O programa do festival
(www.assimvivemos.com.br)
também tem produções sobre surdez, autismo, lesão cerebral e outras deficiências.
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