São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE/PREVENÇÃO

Após check-up, hospitais "cobram" metas de executivo

Objetivo do serviço é evitar que paciente descumpra recomendações médicas

Depois de exames, profissionais vão ligar para pacientes e averiguar se estão mesmo seguindo as orientações do médico

PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

A relutância dos pacientes, especialmente executivos, em seguir as orientações médicas após o check-up fez com que alguns hospitais passassem a oferecer um serviço para "cobrar" da pessoa o cumprimento de metas de saúde.
O pressuposto é que o check-up tem caráter apenas pontual. Feita a bateria de exames, o paciente esquece o assunto ou, se nada for detectado, recebe o resultado como se fosse um atestado de saúde.
"Se não deu nada, ele continua bebendo, fumando e continua sedentário", explica Danielli Haddad, que é coordenadora de check-up do hospital Sírio-Libanês.
O problema é mais agudo entre executivos justamente pela falta de tempo para cuidar da saúde. De acordo com Haddad, cerca de 70% desses pacientes não seguem as orientações indicadas pelo médico após o check-up. Na população em geral, o índice varia de 20% a 50%. "Por isso, é preciso que haja um acompanhamento mais de perto após os testes."
O Sírio-Libanês vai inaugurar nesta quinta um novo centro de check-up. Depois de realizados os exames, os profissionais do centro vão ligar para os executivos para averiguar se estão mesmo seguindo as recomendações médicas.
Caso seja constatado um risco maior de o paciente ter um problema cardiovascular, por exemplo, um médico do hospital fará contato um mês após o exame. Se o risco não for alto, a ligação acontece seis meses depois. "É um sistema para cobrar do executivo que tenha uma atenção maior com a própria saúde", resume a médica.
O Hospital do Coração, que também tem pesquisas apontando problemas na saúde do executivo, estuda implementar um programa para aumentar a regularidade das visitas médicas desses pacientes após o check-up. Para Leopoldo Piegas, cardiologista e responsável pelo serviço de check-up do HCor, os executivos precisam de uma "pressão maior" para se cuidarem. "Aí, não sei se um contato telefônico apenas funciona. Acho que precisa ser um acompanhamento presencial."
Piegas diz, porém, que o custo de exames e visitas médicas mais freqüentes poderia inviabilizar esse projeto. "O custo de um check-up varia de R$ 1.500 a R$ 2.500. Precisamos ver se as empresas se disporiam a arcar com essa quantia."
O hospital Albert Einstein já tem a prática de telefonar para os pacientes no pós-check-up desde o ano passado. Uma enfermeira liga para o executivo e pergunta "como ele vai indo, se tem feito exercícios etc", explica José Antonio Maluf de Carvalho, coordenador da unidade diagnóstica do Einstein.
"Temos que ajudar a motivá-lo. É como uma atividade missionária." Mas encontrar o paciente é uma das principais dificuldades. Por isso, o executivo deve se comprometer, em contrato, a atender os telefonemas do hospital.
O Fleury também lançou, no ano passado, um modelo de check-up continuado para acompanhar os pacientes. "Vimos que é preciso apoiar o executivo. Fazemos um acompanhamento por telefone e também via web", diz o diretor-executivo de gestão de saúde do Fleury, Rogério Rabelo.


Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI , da Reportagem Local


Texto Anterior: Ministro vai ao RS para encontro com famílias
Próximo Texto: Perguntas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.