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SAÚDE/PREVENÇÃO
Após check-up, hospitais "cobram" metas de executivo
Objetivo do serviço é evitar que paciente descumpra recomendações médicas
Depois de exames, profissionais vão ligar para pacientes e averiguar se estão mesmo seguindo as orientações do médico
PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
A relutância dos pacientes,
especialmente executivos, em
seguir as orientações médicas
após o check-up fez com que alguns hospitais passassem a oferecer um serviço para "cobrar"
da pessoa o cumprimento de
metas de saúde.
O pressuposto é que o check-up tem caráter apenas pontual.
Feita a bateria de exames, o paciente esquece o assunto ou, se
nada for detectado, recebe o resultado como se fosse um atestado de saúde.
"Se não deu nada, ele continua bebendo, fumando e continua sedentário", explica Danielli Haddad, que é coordenadora de check-up do hospital Sírio-Libanês.
O problema é mais agudo entre executivos justamente pela
falta de tempo para cuidar da
saúde. De acordo com Haddad,
cerca de 70% desses pacientes
não seguem as orientações indicadas pelo médico após o
check-up. Na população em geral, o índice varia de 20% a
50%. "Por isso, é preciso que
haja um acompanhamento
mais de perto após os testes."
O Sírio-Libanês vai inaugurar nesta quinta um novo centro de check-up. Depois de realizados os exames, os profissionais do centro vão ligar para os
executivos para averiguar se estão mesmo seguindo as recomendações médicas.
Caso seja constatado um risco maior de o paciente ter um
problema cardiovascular, por
exemplo, um médico do hospital fará contato um mês após o
exame. Se o risco não for alto, a
ligação acontece seis meses depois. "É um sistema para cobrar
do executivo que tenha uma
atenção maior com a própria
saúde", resume a médica.
O Hospital do Coração, que
também tem pesquisas apontando problemas na saúde do
executivo, estuda implementar
um programa para aumentar a
regularidade das visitas médicas desses pacientes após o
check-up. Para Leopoldo Piegas, cardiologista e responsável
pelo serviço de check-up do
HCor, os executivos precisam
de uma "pressão maior" para se
cuidarem. "Aí, não sei se um
contato telefônico apenas funciona. Acho que precisa ser um
acompanhamento presencial."
Piegas diz, porém, que o custo de exames e visitas médicas
mais freqüentes poderia inviabilizar esse projeto. "O custo de
um check-up varia de R$ 1.500
a R$ 2.500. Precisamos ver se
as empresas se disporiam a arcar com essa quantia."
O hospital Albert Einstein já
tem a prática de telefonar para
os pacientes no pós-check-up
desde o ano passado. Uma enfermeira liga para o executivo e
pergunta "como ele vai indo, se
tem feito exercícios etc", explica José Antonio Maluf de Carvalho, coordenador da unidade
diagnóstica do Einstein.
"Temos que ajudar a motivá-lo. É como uma atividade missionária." Mas encontrar o paciente é uma das principais dificuldades. Por isso, o executivo
deve se comprometer, em contrato, a atender os telefonemas
do hospital.
O Fleury também lançou, no
ano passado, um modelo de
check-up continuado para
acompanhar os pacientes. "Vimos que é preciso apoiar o executivo. Fazemos um acompanhamento por telefone e também via web", diz o diretor-executivo de gestão de saúde do
Fleury, Rogério Rabelo.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI , da Reportagem
Local
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