São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Quadrilha detona bomba para roubar R$ 10 mi de empresa

Aproximadamente 20 homens armados usaram o artefato para abrir parede de uma transportadora de valores em SP

PM chegou a perseguir os criminosos e 2 deles foram baleados e morreram; a polícia conseguiu recuperar cerca de R$ 5 milhões

Almeida Rocha/Folha Imagem
Parte destruída do teto da marmoraria após explosão de parede que faz divisa com a Protege (à dir.)

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de cerca de 20 homens encapuzados e armados com fuzis e metralhadoras detonou uma potente bomba usada pelos exércitos dos EUA e de Israel para explodir uma parede e roubar malotes de dinheiro -mais de R$ 10 milhões- da Protege em São Paulo. A empresa é uma das três maiores em proteção e transporte de valores no Brasil.
Toda a ação da quadrilha na empresa durou cinco minutos e ocorreu na madrugada de ontem, por volta das 3h30, na rua Adriano Marchini, 32, Água Branca, na zona oeste.
A Polícia Militar foi acionada assim que ocorreu a explosão. Na fuga, dois criminosos foram perseguidos e mortos, segundo a PM, após trocarem tiros e resistirem à prisão. No carro onde eles estavam e em outros três veículos abandonados pelos assaltantes foram recuperados R$ 5.421.285,00 do dinheiro levado pela quadrilha.
A delegacia contra roubo a bancos do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) ajuda a procurar o restante dos criminosos, que não haviam sido presos até a conclusão desta edição. O caso foi registrado no 7º Distrito Policial da Lapa.
Oficialmente, a Protege não divulgou o total roubado -afirmou que só fará isso após levantamento. Extra-oficialmente, porém, policiais afirmaram à Folha que esse valor foi superior a R$ 10 milhões.
Por esse valor, o assalto de ontem é o maior do ano no Estado contra uma empresa de valores. Até então, a maior ação criminosa do gênero aconteceu em 7 de agosto, quando dez homens encapuzados levaram R$ 9,8 milhões da Prossegur, no centro da capital paulista. Na ocasião, ninguém foi preso.
A Polícia Civil investiga se a quadrilha que agiu ontem na zona oeste é a mesma que praticou o assalto no mês passado no centro de São Paulo. O modo de agir nas duas ações foi parecido, com a utilização de armamento pesado, toucas ninja, roupa da polícia, mais de dez integrantes, rádio comunicadores e o uso de artefatos explosivos para detonar paredes.

Bomba
Para realizar o assalto de ontem, os criminosos renderam, às 23h de anteontem, o vigia que saía para jantar da marmoraria Galleria Della Pietra.
Depois, entraram num galpão onde instalaram a bomba plástica C4 -uma espécie de gel, que, por vezes, é usado por terroristas, com mais potência que as dinamites utilizadas em pedreiras- numa parede que separa a marmoraria da empresa de valores. Foram mais de 3 horas para preparar o artefato.
A explosão abriu um buraco na parede, mas parte do teto da marmoraria desabou e ativou o sistema de alarme que acionou a PM. Enquanto corriam encapuzados em direção à sala da tesouraria, onde estavam os malotes com dinheiro, os criminosos seguiram atirando.

Rajadas de tiros
Quatro funcionários que cuidavam de conferir os malotes estavam no local e se abaixaram. Nenhum deles foi ferido, mas disseram, em depoimento à polícia, ter ouvido diversas rajadas de metralhadora.
"Eles [os criminosos] pediam para a gente ficar de bruços no chão e não levantarmos a cabeça ou olhar para eles", afirmou um funcionário. A polícia não informou quantos seguranças da empresa haviam no local e se estavam armados.
"Foi uma ação bem articulada. Com certeza tinha informações privilegiadas de dentro da empresa para saber onde fica a sala dos malotes", disse o delegado Lupércio Antonio Dimov.

Fuga
Assim que chegaram à frente da Protege, os policiais militares afirmaram ter visto os criminosos fugirem em pelo menos dez carros -a maior parte roubada. Houve troca de tiros e perseguição pela rodovia dos Bandeirantes até Pirituba.
Segundo a PM, Sidnei Arlei Gomes Araújo, 29, e Robson da Silva, 27, que fugiam em um Polo, resistiram à prisão e foram mortos ao trocar tiros. O primeiro havia sido preso anteriormente por assalto. No carro, foram achados um fuzil e uma espingarda calibre 12 e parte do dinheiro roubado. Oito carregadores e 226 munições foram apreendidos.
Um Marea, abandonado em frente à Protege, e uma caminhonete Montana e um Honda Fit foram deixados em ruas da cidade com dinheiro. Imagens do circuito interno de TV da Protege ainda serão analisadas pela Polícia Civil.


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