São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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MÁRIO HIRONOBU WATANABE (1944-2008)

A perfeição econômica do jornalista

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mário Watanabe não gostava do bom. Era um perfeccionista num mundo imperfeito, jornalista detalhista cercado por gente boa, sim, mas demasiado humana.
"Não aceitava nem uma frase sem vírgula", diz a viúva. "E não acreditava quando recebia uma matéria e tinha que reescrever todinha". Como editor e leitor, sofria. "Brigava até com o computador se corrigia o acento." O mundo não estava pronto para ele.
Sozinho, jogando xadrez virtual, passava noites em claro -para relaxar, dizia à mulher e aos três filhos (todos formados, como ele exigia). Pois seu orgulho era a educação que teve sozinho, patente nos dois mil livros da biblioteca (muitos de quando estudava letras e lecionava datilografia). Era pobre.
Os pais deixaram o Japão para trabalhar na lavoura em Marília (SP), onde nasceu. Saiu de casa, formou-se e virou repórter de O Estado de S.Paulo. Sempre em economia, passou po Folha, Gazeta Mercantil, Istoé, Forbes e Exame -onde criou o inovador anuário "Maiores e Melhores", "tarefa ideal para um detalhista". Trabalhou ainda no Valor Econômico.
O último passo da carreira foi mais livre -um blog, onde o "jornalista e cultor de generalidades, oficial da Ordem do Cavaleiro da Triste Figura, corintiano desde criancinha", como dizia, publicava o que vinha à cabeça, assinando como Dom Quixote. Seu último post, "De vírgulas e hífens", publicou um mês antes de morrer, no último domingo, de infecção generalizada. Tinha 64 anos.
obituario@folhasp.com.br


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