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MÁRIO HIRONOBU WATANABE (1944-2008)
A perfeição econômica do jornalista
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mário Watanabe não gostava do bom. Era um perfeccionista num mundo imperfeito, jornalista detalhista
cercado por gente boa, sim,
mas demasiado humana.
"Não aceitava nem uma frase
sem vírgula", diz a viúva. "E
não acreditava quando recebia uma matéria e tinha que
reescrever todinha". Como
editor e leitor, sofria. "Brigava até com o computador se
corrigia o acento." O mundo
não estava pronto para ele.
Sozinho, jogando xadrez
virtual, passava noites em
claro -para relaxar, dizia à
mulher e aos três filhos (todos formados, como ele exigia). Pois seu orgulho era a
educação que teve sozinho,
patente nos dois mil livros da
biblioteca (muitos de quando estudava letras e lecionava datilografia). Era pobre.
Os pais deixaram o Japão
para trabalhar na lavoura em
Marília (SP), onde nasceu.
Saiu de casa, formou-se e virou repórter de O Estado de
S.Paulo. Sempre em economia, passou po Folha, Gazeta Mercantil, Istoé, Forbes e
Exame -onde criou o inovador anuário "Maiores e Melhores", "tarefa ideal para
um detalhista". Trabalhou
ainda no Valor Econômico.
O último passo da carreira
foi mais livre -um blog, onde o "jornalista e cultor de
generalidades, oficial da Ordem do Cavaleiro da Triste
Figura, corintiano desde
criancinha", como dizia, publicava o que vinha à cabeça,
assinando como Dom Quixote. Seu último post, "De
vírgulas e hífens", publicou
um mês antes de morrer, no
último domingo, de infecção
generalizada. Tinha 64 anos.
obituario@folhasp.com.br
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