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Caçambas viram dor de cabeça nas ruas
São cerca de 5.000 espalhadas por São Paulo; 240 empresas legalizadas recolhem o que resta das construção
Companhias recolhem
4.500 t de entulho
diariamente; mercado
movimentado fez surgir
os "ladrões de caçamba"
GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO
Sete caçambas enfileiradas na rua Antonio de Macedo Soares, no Campo Belo
(zona sul), têm toneladas de
entulho despejadas diariamente. Nas alamedas Ministro Rocha Azevedo, Itu e
Franca, nos Jardins (região
oeste), elas também são vistas aos montes.
Todos os dias, 240 empresas legalizadas tiram e colocam 5.000 delas nas ruas da
cidade. O tira e põe resulta no
transporte diário de 4.500 toneladas de restos de construções, que são levados diariamente aos aterros sanitários
nos extremos da cidade.
Exclui-se aqui o que clandestinos despejam nas ruas.
Numa única operação da
prefeitura, em julho, 16 caminhões foram flagrados descarregando restos de construções nos bairros.
Bairros como Pinheiros,
Higienópolis, Campo Belo e
Brooklin, além dos Jardins,
estão entre os que mais concentram caçambas.
No último dia 27, só no
quarteirão formado pelas
ruas Antonio de Macedo Soares, Gabrielle D'Annunzio,
Édson e Conde de Porto Alegre, no Campo Belo, 14 caçambas ocupavam vagas para carros. Cada uma recebe,
por dia, até quatro toneladas
de concreto, pisos e azulejos.
O destino que se dá a todo
o entulho da cidade depende
de um grupo de trabalhadores que já ganhou o apelido
de caçambeiros. Eles têm que
cumprir regras rígidas para
não receber multas que variam de R$ 500 a R$ 12 mil.
MULTA
A multa mais salgada é
aplicada quando despejam a
sujeira em locais proibidos.
De janeiro a agosto deste
ano, o Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana)
aplicou 1.137 multas e
apreendeu 864 caçambas irregulares ou clandestinas.
Os caçambeiros são imprescindíveis para quem reforma ou constrói. Mas também irritam motoristas em
busca de vagas em Zonas
Azuis ou vizinhos inconformados com o entulho.
"O certo era a planta do
prédio incluir uma vaga para
a caçamba", afirma Luiz Lazarini, presidente do Sieresp
(sindicato das empresas removedoras de entulho).
Além dos horários restritos
-caminhões de entulho só
circulam das 10h às 16h e das
21h às 5h-, eles são obrigados a trocar as caçambas a
cada 72 horas. O reservatório
não pode estar enferrujado,
deve ter nome e telefone da
empresa e o site do Limpurb.
MUDANÇA
Na década de 1990, as caçambas começaram a se alastrar. Segundo o sindicato,
surgiram quase 900 empresas. Com a concorrência e a
maior rigidez na fiscalização,
muitas saíram do mercado.
Mas o mercado é tão movimentado que ladrões apareceram. Segundo empresários, caçambas são furtadas
para serem usadas por clandestinos.
Quem não quiser contratar
uma empresa pode procurar
um dos 37 ecopontos da prefeitura (a lista está em
www.limpurb.sp.gov.br). A
eles é possível levar até 1 m3
de entulho, além de madeira,
móveis e restos de árvores.
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