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VÔO 1907/INDENIZAÇÕES
Famílias vão pedir indenização nos EUA
Advogados americanos anunciaram ontem que vão ingressar com ações em Nova York, onde fica a sede da ExcelAire
Profissionais, que já foram contratados por pelo menos 15 famílias, se dizem praticamente convencidos da culpa dos pilotos do Legacy
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos 15 famílias de vítimas da queda do avião da Gol
vão acionar a Justiça americana para pedir indenização, em
princípio, à ExcelAire, empresa
empregadora dos pilotos do
avião Legacy que colidiu com o
Boeing da Gol no último dia 29.
As famílias contrataram um
escritório de advocacia especializado em acidentes aéreos
com sede em São Francisco, na
Califórnia. Os americanos Robert Lieff e sua sócia, Lexi Hazam, anunciaram ontem em
Brasília que, em um mês, vão
ingressar com ações na Corte
Federal de Nova York, onde fica a sede da ExcelAire, em favor
dos familiares das vítimas.
O valor das indenizações será
calculado individualmente. "O
direito americano é, de longe,
mais generoso. Chega a ser dez
vezes mais generoso que em
outros países", disse Lieff.
Na véspera, a OAB divulgou
nota repreendendo o comportamento de advogados brasileiros que estariam tentando
cooptar clientes, de olho nas indenizações. No Brasil, profissionais costumam receber até
20% do que é pago às famílias
nesses casos.
Os advogados americanos se
dizem praticamente convencidos da culpa dos pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jean
Paul Palladino, no episódio -
por isso, a ExcelAire deve ser ré
no processo nos EUA. Mas, se
for comprovada a hipótese de
falha técnica, outras empresas
podem ser acionadas. Entre
elas, a Embraer, fabricante do
Legacy, e a Honeywell, fabricante do transponder do jato.
Na fase de instrução do processo, os advogados vão solicitar à Justiça americana desde a
oitiva de testemunhas até documentos oficiais sobre o caso,
para apurar responsabilidades.
Eles contarão com o suporte
técnico do suíço Hans-Peter
Graf, ex-piloto e ex-integrante
da agência suíça responsável
por investigar acidentes aéreos.
Ele já chegou ao Brasil e fará
uma investigação independente do caso. Graf está elaborando
diferentes cenários sobre o que
pode ter causado o choque entre as duas aeronaves e a conseqüente morte de 154 pessoas.
"As investigações oficiais
normalmente atrasam, por isso
é importante uma investigação
independente", disse Hazam,
acrescentando que as apurações oficiais geralmente são feitas pelos envolvidos no caso.
Paralelamente e associados
ao escritório americano, dois
advogados brasileiros - Leonardo Amarante, do Rio, e Arturo Buzzi, de Brasília- vão representar essas famílias em
ações no Brasil, contra a Gol.
Eles não descartam negociar o
valor da indenização com a empresa. Em pelo menos um caso,
o da família de André Fontoura,
os advogados pedirão o pagamento de pensão alimentícia.
Os advogados brasileiros devem protocolar nas próximas
semanas pedido para que a Aeronáutica libere o acesso às investigações sobre o acidente,
hoje sigilosas. Caso não consigam, dizem que irão entrar com
mandado de segurança.
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