São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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VÔO 1907/INDENIZAÇÕES

Famílias vão pedir indenização nos EUA

Advogados americanos anunciaram ontem que vão ingressar com ações em Nova York, onde fica a sede da ExcelAire

Profissionais, que já foram contratados por pelo menos 15 famílias, se dizem praticamente convencidos da culpa dos pilotos do Legacy

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos 15 famílias de vítimas da queda do avião da Gol vão acionar a Justiça americana para pedir indenização, em princípio, à ExcelAire, empresa empregadora dos pilotos do avião Legacy que colidiu com o Boeing da Gol no último dia 29.
As famílias contrataram um escritório de advocacia especializado em acidentes aéreos com sede em São Francisco, na Califórnia. Os americanos Robert Lieff e sua sócia, Lexi Hazam, anunciaram ontem em Brasília que, em um mês, vão ingressar com ações na Corte Federal de Nova York, onde fica a sede da ExcelAire, em favor dos familiares das vítimas.
O valor das indenizações será calculado individualmente. "O direito americano é, de longe, mais generoso. Chega a ser dez vezes mais generoso que em outros países", disse Lieff.
Na véspera, a OAB divulgou nota repreendendo o comportamento de advogados brasileiros que estariam tentando cooptar clientes, de olho nas indenizações. No Brasil, profissionais costumam receber até 20% do que é pago às famílias nesses casos.
Os advogados americanos se dizem praticamente convencidos da culpa dos pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jean Paul Palladino, no episódio - por isso, a ExcelAire deve ser ré no processo nos EUA. Mas, se for comprovada a hipótese de falha técnica, outras empresas podem ser acionadas. Entre elas, a Embraer, fabricante do Legacy, e a Honeywell, fabricante do transponder do jato.
Na fase de instrução do processo, os advogados vão solicitar à Justiça americana desde a oitiva de testemunhas até documentos oficiais sobre o caso, para apurar responsabilidades. Eles contarão com o suporte técnico do suíço Hans-Peter Graf, ex-piloto e ex-integrante da agência suíça responsável por investigar acidentes aéreos. Ele já chegou ao Brasil e fará uma investigação independente do caso. Graf está elaborando diferentes cenários sobre o que pode ter causado o choque entre as duas aeronaves e a conseqüente morte de 154 pessoas.
"As investigações oficiais normalmente atrasam, por isso é importante uma investigação independente", disse Hazam, acrescentando que as apurações oficiais geralmente são feitas pelos envolvidos no caso.
Paralelamente e associados ao escritório americano, dois advogados brasileiros - Leonardo Amarante, do Rio, e Arturo Buzzi, de Brasília- vão representar essas famílias em ações no Brasil, contra a Gol. Eles não descartam negociar o valor da indenização com a empresa. Em pelo menos um caso, o da família de André Fontoura, os advogados pedirão o pagamento de pensão alimentícia.
Os advogados brasileiros devem protocolar nas próximas semanas pedido para que a Aeronáutica libere o acesso às investigações sobre o acidente, hoje sigilosas. Caso não consigam, dizem que irão entrar com mandado de segurança.


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