São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2010

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Crianças estão com medo, diz juiz baleado

Magistrado teve alta ontem no Rio; ele, o filho e a enteada foram atingidos por tiros em blitz

DIANA BRITO
DO RIO

O juiz trabalhista Marcelo Alexandrino da Costa Santos, 39, afirmou ontem -ao receber alta em um hospital particular- que pode entrar com um processo contra o governo estadual após ter sido baleado no abdômen por policiais civis durante uma blitz no dia 2, no Rio.
Na ação, o filho do juiz, de 11 anos, e sua enteada, de oito anos, também foram atingidos por tiros de fuzil.
Ele disse que o local da blitz estava muito escuro e não era possível identificar os policiais civis, que estavam sem uniforme.
"É claro que a gente vislumbra a possibilidade de entrar com uma ação contra o governo. Estando junto das crianças eu vou pensar nisso", afirmou o juiz.
O menino teve os pulmões e o fígado perfurados, e a menina teve o pulmão, o estômago e o pâncreas atingidos.
Segundo o juiz, as crianças estão se recuperando, mas "estão apavoradas e têm sintomas semelhantes aos da síndrome do pânico".
"Eles continuam internados num hospital na zona sul, mas já estão tomando banho sozinhos e até jogando videogame", disse.
Santos disse que o governo do Estado ainda não ofereceu tratamento psicológico. "Foi uma decepção muito grande saber que os tiros partiram de armas de policiais."
A mulher do juiz, Sunny Lucas Mariano, 28, contou que deixou de dirigir. "Quando vejo um policial, dá até sensação de desmaio."
Acusados de terem disparado contra a família do juiz, os policiais civis presos temporariamente, Bruno Rocha Andrade e Bruno Souza da Cruz, disseram que o treinamento da academia de polícia não fora suficiente.
A Polícia Civil afirmou que os dois policiais participaram de 840 horas de aula. Segundo o órgão, há aulas de uso progressivo da força, que indicam o momento correto para realizar disparos.


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