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Crianças estão com medo, diz juiz baleado
Magistrado teve alta ontem no Rio; ele, o filho e a enteada foram atingidos por tiros em blitz
DIANA BRITO
DO RIO
O juiz trabalhista Marcelo
Alexandrino da Costa Santos, 39, afirmou ontem -ao
receber alta em um hospital
particular- que pode entrar
com um processo contra o
governo estadual após ter sido baleado no abdômen por
policiais civis durante uma
blitz no dia 2, no Rio.
Na ação, o filho do juiz, de
11 anos, e sua enteada, de oito anos, também foram atingidos por tiros de fuzil.
Ele disse que o local da
blitz estava muito escuro e
não era possível identificar
os policiais civis, que estavam sem uniforme.
"É claro que a gente vislumbra a possibilidade de
entrar com uma ação contra
o governo. Estando junto das
crianças eu vou pensar nisso", afirmou o juiz.
O menino teve os pulmões
e o fígado perfurados, e a menina teve o pulmão, o estômago e o pâncreas atingidos.
Segundo o juiz, as crianças
estão se recuperando, mas
"estão apavoradas e têm sintomas semelhantes aos da
síndrome do pânico".
"Eles continuam internados num hospital na zona
sul, mas já estão tomando
banho sozinhos e até jogando videogame", disse.
Santos disse que o governo do Estado ainda não ofereceu tratamento psicológico. "Foi uma decepção muito
grande saber que os tiros partiram de armas de policiais."
A mulher do juiz, Sunny
Lucas Mariano, 28, contou
que deixou de dirigir. "Quando vejo um policial, dá até
sensação de desmaio."
Acusados de terem disparado contra a família do juiz,
os policiais civis presos temporariamente, Bruno Rocha
Andrade e Bruno Souza da
Cruz, disseram que o treinamento da academia de polícia não fora suficiente.
A Polícia Civil afirmou que
os dois policiais participaram de 840 horas de aula. Segundo o órgão, há aulas de
uso progressivo da força, que
indicam o momento correto
para realizar disparos.
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