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Mentira de filhos pode ser natural, diz psicóloga
DA REPORTAGEM LOCAL
A atitude dos estudantes Felipe
Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16,
que mentiram aos pais sobre a
viagem que fariam juntos (contaram que iriam com amigos), deve
ser vista com "naturalidade" e
não é sinal de problema familiar.
A opinião é de Ana Bahia Bock,
presidente do Conselho Regional
de Psicologia de São Paulo.
"Uma relação adequada entre
pais e filhos não é aquela em que
se conta tudo. Os pais estão errados quando exigem dos filhos todas as informações. Eles também
não contam tudo aos filhos", diz.
Segundo ela, os pais devem
abrir diálogo, mas esse procedimento "não evita mentiras". "Elas
são usadas para evitar conflitos
desnecessários. Abrir diálogo não
é exigir que os filhos contem tudo
sobre suas vidas. Existe uma intimidade que pode e deve ser preservada", afirma Bock.
Maria Abigail de Souza, do Instituto de Psicologia da USP, afirma que existe um "espaço do segredo e da intimidade" dos adolescentes e que a mentira é preocupante dependendo de sua frequência, intensidade e do padrão
de educação de cada família.
Ela diz que os pais têm de ser
"autênticos" em suas posições
-independentemente de serem
mais ou menos rígidos, devem ser
coerentes. "Quando eles conversam e mostram os argumentos, os
filhos tendem a aceitar mais. O
respeito e a confiança são construídos desde criança", afirma.
"Ficou disseminada a impressão de que é preciso liberar tudo.
Mas não é bem assim. O limite
precisa existir. O caminho é buscar a autenticidade e não os padrões de fora de casa", diz.
Desaparecimentos
O Estado de São Paulo registra
neste ano uma média de 18 desaparecimentos diários de pessoas
entre 13 e 18 anos, segundo dados
do Departamento de Homicídios
e Proteção à Pessoa. Diferentemente do que ocorre com as demais faixas etárias, a maioria
-65%- é do sexo feminino.
A principal explicação para as
meninas prevalecerem está ligada
ao rapto consensual -elas saem
de casa com os namorados por
conta da resistência familiar.
No país, a estimativa é que 20
mil menores desapareçam a cada
ano. A maioria dos casos está ligada a situações de pobreza -aliada à falta de estrutura familiar e à
violência doméstica.
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