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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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Mentira de filhos pode ser natural, diz psicóloga

DA REPORTAGEM LOCAL

A atitude dos estudantes Felipe Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16, que mentiram aos pais sobre a viagem que fariam juntos (contaram que iriam com amigos), deve ser vista com "naturalidade" e não é sinal de problema familiar.
A opinião é de Ana Bahia Bock, presidente do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.
"Uma relação adequada entre pais e filhos não é aquela em que se conta tudo. Os pais estão errados quando exigem dos filhos todas as informações. Eles também não contam tudo aos filhos", diz.
Segundo ela, os pais devem abrir diálogo, mas esse procedimento "não evita mentiras". "Elas são usadas para evitar conflitos desnecessários. Abrir diálogo não é exigir que os filhos contem tudo sobre suas vidas. Existe uma intimidade que pode e deve ser preservada", afirma Bock.
Maria Abigail de Souza, do Instituto de Psicologia da USP, afirma que existe um "espaço do segredo e da intimidade" dos adolescentes e que a mentira é preocupante dependendo de sua frequência, intensidade e do padrão de educação de cada família.
Ela diz que os pais têm de ser "autênticos" em suas posições -independentemente de serem mais ou menos rígidos, devem ser coerentes. "Quando eles conversam e mostram os argumentos, os filhos tendem a aceitar mais. O respeito e a confiança são construídos desde criança", afirma.
"Ficou disseminada a impressão de que é preciso liberar tudo. Mas não é bem assim. O limite precisa existir. O caminho é buscar a autenticidade e não os padrões de fora de casa", diz.

Desaparecimentos
O Estado de São Paulo registra neste ano uma média de 18 desaparecimentos diários de pessoas entre 13 e 18 anos, segundo dados do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Diferentemente do que ocorre com as demais faixas etárias, a maioria -65%- é do sexo feminino.
A principal explicação para as meninas prevalecerem está ligada ao rapto consensual -elas saem de casa com os namorados por conta da resistência familiar.
No país, a estimativa é que 20 mil menores desapareçam a cada ano. A maioria dos casos está ligada a situações de pobreza -aliada à falta de estrutura familiar e à violência doméstica.


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