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Gestão Kassab abandona projeto de Serra
Secretário diz que Prefeitura de SP errou ao mudar horário das aulas de leitura e de informática nas escolas municipais
É a primeira vez desde que o pefelista assumiu o cargo, em abril deste ano, que seu governo faz mudanças em uma iniciativa do tucano
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Educação de
São Paulo, Alexandre Schneider, admitiu que a prefeitura
errou ao retirar do horário regular de aulas dos alunos os
cursos de leitura e de informática das escolas municipais.
É a primeira vez que algum
integrante da gestão Gilberto
Kassab (PFL) critica publicamente uma medida tomada no
governo José Serra (PSDB).
Até o ano passado, os alunos
das escolas municipais freqüentavam as salas de leitura e
de informática no próprio horário das aulas. A partir deste
ano, a freqüência às salas de leitura e de informática passou a
ser feita fora do horário normal
de aula. Então, se o aluno estudava de manhã, ele tinha de retornar à escola à tarde para usar
esses equipamentos.
A medida fez parte do projeto
São Paulo É uma Escola, que tinha como objetivo manter o
aluno mais tempo no colégio.
A decisão foi tomada pelo então prefeito Serra, governador
eleito do Estado, por sugestão
do secretário da pasta à época,
José Aristodemo Pinotti (PFL),
deputado federal reeleito e cotado para assumir um cargo ligado à área de educação na administração do tucano.
Kassab assumiu a prefeitura
em abril, após a renúncia de
Serra para disputar o governo
do Estado. Desde então, tem sido de uma fidelidade absoluta
ao seu antecessor. Em um único momento contrariou alguma medida tomada pelo tucano, quando anulou a cobrança
de aluguel dos clubes pelo uso
de áreas públicas.
Nessa época, no entanto, não
houve nenhuma declaração pública contra a decisão de Serra.
Argumentou-se que a medida
só foi desfeita por pressão de
parte da Câmara Municipal.
Agora não. Schneider foi claro na quinta-feira, na abertura
do 5º Congresso Municipal de
Educação, no Palácio das Convenções do Anhembi. "Reconhecemos que foi um erro a retirada das salas de leitura e de
informática da grade. Nós nunca vamos ter vergonha de voltar
atrás quando estivermos errados", disse o secretário.
Schneider foi indicado pelo
próprio Serra para assumir a
pasta da Educação. Antes, era
secretário-adjunto da Secretaria de Governo.
Em artigo publicado em abril
na Folha, Pinotti defendeu o
projeto que implantou na área
educacional durante os 15 meses em que ficou na secretaria.
E disse que Serra, Kassab e
Schneider haviam participado
ativamente de sua elaboração.
"Não há risco de interrupção
dessa política educacional", dizia Pinotti, em seu artigo.
A chefe-de-gabinete de Pinotti na Educação, Maria Lúcia
Tojal, lembra que a decisão, na
época, não foi unânime. "Se
eles hoje estão entendendo como um equívoco, é porque devem ter suas razões ou sofreram mais pressão. Eu não sei
dizer porque não estamos mais
na secretaria."
Para Tojal, a medida era correta, porque o objetivo era fazer com que os alunos ficassem
mais tempo na escola, pois o
período em que não estavam
em aulas ficavam nas ruas, e
sem causar prejuízo aos professores, que continuavam com a
mesma jornada de trabalho.
Kassab e Schneider decidiram rever a medida após uma
forte pressão de professores.
Na greve da categoria, em abril,
uma das reivindicações era
exatamente a volta das aulas de
leitura e informática para o horário normal do turno letivo.
O secretário da Educação explicou que as salas de leitura e
de informática são equipamentos pedagógicos importantes
para que os professores de cada
uma das turmas possam interagir com os responsáveis pelas
aulas nos laboratórios.
Durante todo este ano, o aluno, além de precisar voltar à escola fora de seu horário normal
de aulas, ainda tinha de freqüentar as salas de leitura e informática sem a presença do
professor de sua turma.
Para o presidente do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino
Municipal de São Paulo), Claudio Fonseca, a mudança de posição da prefeitura foi uma
conquista da categoria.
"Uma das conquistas da greve foi a garantia de reintegrar
as salas de leitura e de informática ao processo normal de
aprendizagem dos alunos. Reputamos como superimportante e significativo. O que tem
de novo agora é que o secretário admitiu o erro", afirmou o
sindicalista.
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