São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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GILBERTO DIMENSTEIN

Lentes da cidade


André Douek preparou jornadas fotográficas por SP que registraram monumentos e festas religiosas e populares

NO PRÓXIMO dia 23 de manhã, um domingo, André Douek estará reunido com um batalhão de fotógrafos profissionais e amadores numa estação de metrô.
Esse será o ponto de partida de um dos maiores prazeres de sua vida -fotografar, em bando, a cidade de São Paulo. Para sua felicidade, o hobby é uma extensão do que ele faz todos os dias numa repartição pública, onde toma conta do maior acervo fotográfico da cidade -são 600 mil negativos.
Nascido no Cairo (Egito), André Douek fugiu para o Brasil ainda criança, vítima de conflitos políticos. Além do árabe, a língua materna de Douek é o francês. Em São Paulo, estudava apenas nessa língua na escola e, por muito tempo, teve dificuldade de comunicação. Até hoje, suspeita que começou a fotografar para se comunicar melhor com os brasileiros. "Eu tinha dificuldade em falar português. Achava que, com a imagem, tudo ficaria mais fácil. Tinha o prazer visual pela cidade, onde eu costumava andar a pé e ficar observando os detalhes."

 

Sua carreira passou por diferentes caminhos. Estudou matemática na USP e desistiu. Depois, formou-se num curso da Belas Artes. Para sobreviver, deu aulas de francês. Até que se especializou em fotografia e se tornou professor. Anos depois, trabalharia como repórter-fotográfico. Há pouco tempo, foi convidado a ocupar um cargo no departamento que cuida da manutenção e do registro das imagens de São Paulo. Mas o que queria mesmo era colocar o pé na rua, pois não se conformava com o desconhecimento das pessoas sobre a cidade. Preparou jornadas fotográficas temáticas, uma delas dedicada apenas aos monumentos; outra, às festas religiosas e populares.
"Vi como ficaram aturdidos muitos dos participantes dos passeios diante das festas de são Vito, são Genaro e Achiropita."
 

Com a mudança de governo, André Douek não sabe qual será o seu destino, já que tem um cargo de confiança. No entanto, sabe que jamais abandonará suas jornadas, nas quais se sente, muitas vezes, como a criança que chegou aqui com sete anos, fugida do Egito e encantada por uma nova cidade sem ódios.
Ele já tem outra ação com data marcada: em 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, pretende documentar a cidade com fotógrafos profissionais e amadores, em diferentes regiões, durante 24 horas seguidas usando as redes da internet. "São Paulo e fotografia são as minhas duas grandes paixões."
 

PS Coloquei no www.catracalivre.com.br uma seleção de fotos de Douek.


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