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Acordo deve pôr fim à greve de policiais civis
Suspensão da paralisação de 58 dias em São Paulo só deve ocorrer na próxima semana, após assembléias das entidades
Pacto negociado com líder do governo na Assembléia prevê poucos avanços, como antecipar o reajuste de 2009 de novembro para agosto
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo classificando as propostas do governo para melhoria salarial como ofensivas à categoria, lideranças dos policiais
civis de SP aceitaram ontem
acordo para suspender a greve
que completa hoje 58 dias.
A normalização das atividades deve ocorrer, porém, apenas na próxima semana, quando as entidades que representam delegados, investigadores
e escrivães, entre outros, realizarão assembléias. O fim da paralisação estará condicionada,
também, ao cumprimento de
alguns itens por parte do governo -como a aprovação dos projetos de lei com benefícios à categoria que tramitam na Assembléia Legislativa.
Ontem, os deputados deveriam aprovar o projeto para extinção da quinta classe da Polícia Civil, a que tem a mais baixa
remuneração da categoria.
O acordo foi anunciado na
tarde de ontem pelo líder do governo José Serra (PSDB) na Assembléia, o tucano Barros Munhoz, e pelos representantes
das três principais entidades da
categoria -associação e sindicato dos delegados e sindicato
dos investigadores.
Apesar do acordo, as propostas do governo avançaram pouco. O reajuste de 6,5% previsto
para 2009 foi antecipado de novembro para agosto. O aumento de 6,5% deste ano continua
para este mês. Outro avanço no
acordo, segundo os policiais, foi
a retirada de discussão da proposta de incorporação dos auxílios de localidade de trabalho.
Esse assunto será deixado
para março de 2009, outro
compromisso assumido por
Munhoz em nome de Serra. "O
clima é bastante favorável, há
disposição de entendimento.
Nunca estivemos tão próximos", disse o deputado tucano,
que condicionou as ofertas
apresentadas ao final da greve.
A avaliação das três entidades é que entre o pedido feito
pela categoria e a oferta do governo há um enorme hiato, mas
que já houve, por parte do governo, sinais de disposição ao
diálogo e, agora, abriu-se um
efetivo canal de negociação.
"É um acordo com gosto
amargo, ácido, mas nem tudo
na vida é como queremos. Muitas vezes temos que dar um
passo para trás para, depois, caminharmos léguas e léguas para a frente. O que não podemos
é ficar com um movimento que
não anda", afirmou o presidente do sindicato dos delegados,
José Leal, ao lado de Munhoz.
O diretor da associação dos
delegados André Dahmer e o
presidente do sindicato dos investigadores, João Rebouças,
tiveram posicionamento semelhante ao de Leal. Os dois afirmaram que as ofertas são insatisfatórias, mas que o momento
agora é de conversar. "Estamos
falando a mesma língua, mas é
porque o governo também começou a falar", disse Rebouças.
De acordo com policiais, um
dos motivos para o recuo é o
problema de caixa de algumas
entidades (que arcam com custos de transporte e alimentação
nos protestos), além do arrefecimento do movimento na capital. As entidades negam. "A
associação dos delegados tem
caixa para 700 dias de greve, se
necessário, e com manifestações todos os dias. Tiramos o
pé, mas temos muitas cartas na
manga", disse Dahmer.
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