São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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Acordo deve pôr fim à greve de policiais civis

Suspensão da paralisação de 58 dias em São Paulo só deve ocorrer na próxima semana, após assembléias das entidades

Pacto negociado com líder do governo na Assembléia prevê poucos avanços, como antecipar o reajuste de 2009 de novembro para agosto


ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo classificando as propostas do governo para melhoria salarial como ofensivas à categoria, lideranças dos policiais civis de SP aceitaram ontem acordo para suspender a greve que completa hoje 58 dias.
A normalização das atividades deve ocorrer, porém, apenas na próxima semana, quando as entidades que representam delegados, investigadores e escrivães, entre outros, realizarão assembléias. O fim da paralisação estará condicionada, também, ao cumprimento de alguns itens por parte do governo -como a aprovação dos projetos de lei com benefícios à categoria que tramitam na Assembléia Legislativa.
Ontem, os deputados deveriam aprovar o projeto para extinção da quinta classe da Polícia Civil, a que tem a mais baixa remuneração da categoria.
O acordo foi anunciado na tarde de ontem pelo líder do governo José Serra (PSDB) na Assembléia, o tucano Barros Munhoz, e pelos representantes das três principais entidades da categoria -associação e sindicato dos delegados e sindicato dos investigadores.
Apesar do acordo, as propostas do governo avançaram pouco. O reajuste de 6,5% previsto para 2009 foi antecipado de novembro para agosto. O aumento de 6,5% deste ano continua para este mês. Outro avanço no acordo, segundo os policiais, foi a retirada de discussão da proposta de incorporação dos auxílios de localidade de trabalho.
Esse assunto será deixado para março de 2009, outro compromisso assumido por Munhoz em nome de Serra. "O clima é bastante favorável, há disposição de entendimento. Nunca estivemos tão próximos", disse o deputado tucano, que condicionou as ofertas apresentadas ao final da greve.
A avaliação das três entidades é que entre o pedido feito pela categoria e a oferta do governo há um enorme hiato, mas que já houve, por parte do governo, sinais de disposição ao diálogo e, agora, abriu-se um efetivo canal de negociação.
"É um acordo com gosto amargo, ácido, mas nem tudo na vida é como queremos. Muitas vezes temos que dar um passo para trás para, depois, caminharmos léguas e léguas para a frente. O que não podemos é ficar com um movimento que não anda", afirmou o presidente do sindicato dos delegados, José Leal, ao lado de Munhoz.
O diretor da associação dos delegados André Dahmer e o presidente do sindicato dos investigadores, João Rebouças, tiveram posicionamento semelhante ao de Leal. Os dois afirmaram que as ofertas são insatisfatórias, mas que o momento agora é de conversar. "Estamos falando a mesma língua, mas é porque o governo também começou a falar", disse Rebouças.
De acordo com policiais, um dos motivos para o recuo é o problema de caixa de algumas entidades (que arcam com custos de transporte e alimentação nos protestos), além do arrefecimento do movimento na capital. As entidades negam. "A associação dos delegados tem caixa para 700 dias de greve, se necessário, e com manifestações todos os dias. Tiramos o pé, mas temos muitas cartas na manga", disse Dahmer.


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