São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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notas

FESTA NA RUA
O apresentador Marcelo Tas, da Band, conseguiu reverter o fracasso de seu aniversário de 50 anos, ao qual chegou bem na hora do apagão em São Paulo. "Eu estava estacionando o carro quando a cidade apagou. Foi uma sensação esquisita, de vácuo, como se fosse um eclipse", afirmou. Como metade dos 200 convidados, como o cineasta Fernando Meirelles, conseguiram chegar ao local -o hotel Cambridge, na região central de São Paulo-, a festa seguiu, mesmo sem luz. "Fomos para a rua, os garçons serviram [uísque] Red Label, virou um climão superlegal, com todos curtindo enquanto tentavam descobrir o que estava acontecendo", contou o apresentador.

SANTO PORTEIRO
No meio de uma sessão de fisioterapia no sexto andar de um prédio na rua Vergueiro, em São Paulo, a luz apagou. Os telefones não completavam a ligação. Os elevadores não funcionavam. Não havia mais ninguém no andar. "Eu estava desesperada porque não conseguia falar com ninguém. Achei que ia ter de dormir ali mesmo", disse Julie Nakayama, 23, cadeirante desde que nasceu. Ela frequenta a mesma clínica de fisioterapia há anos, duas vezes por semana, muitas vezes em horários "alternativos" como esse, no fim da noite. O porteiro já a conhece. No meio do apagão, viu o carro de Julie. Resolveu ir ver o que estava acontecendo. "Ele desceu comigo no colo os seis andares, de escada. E ainda voltou para pegar a minha cadeira", afirmou.

À FORÇA
"As ruas estavam escuras e ninguém via nada. Todo mundo estava com medo de todo mundo", recorda Brito (nome fictício), 37, maítre em um restaurante de São Paulo. Mesmo com medo, ele marcou de encontrar com a mulher perto do shopping Higienópolis, onde ela trabalha, pouco depois do início do apagão. Caminhando pela av. Higienópolis, foi surpreendido por dois ladrões. Um o imobilizou com uma gravata e o outro lhe tomou o dinheiro, o relógio e o celular. "Estava tão escuro que nem vi se eles estavam armados", afirmou Brito enquanto esperava no 4º DP (Consolação) sua vez de fazer o boletim de ocorrência.

CHÁ DE CADEIRA
O estudante de cinema Fernando Watanabe, 23, caminhava em direção à sua casa pela rua Frei Caneca, na Bela Vista, região central de São Paulo, quando "um moleque de 18, 20 anos" o abordou com um pedaço de vidro na mão e declarou o assalto. "Eram umas 23h30 e passavam carros pela rua. Acho que o cara tomou coragem porque a rua estava mais escura que o normal. E estava com menos pedestres que o normal", contou. O assaltante escapou com R$ 40, algumas moedas e documentos. Watanabe procurou uma delegacia no fim da tarde de ontem. Teve de esperar mais de três horas para fazer o B.O.. "Não adiantaria vir antes, pois os computadores não estariam funcionando."

MORTE NO ESCURO
Uma mulher foi assassinada em São Paulo quando dava carona para uma amiga que ficou sem transporte público por causa do blecaute que atingiu a cidade. Maria Amélia Taiana, 50, levou um tiro na cabeça quando chegou ao prédio de uma amiga na avenida do Café, zona sul. A polícia suspeita que ela tenha reagido a um assalto quando foi abordada ainda em seu carro por um homem em uma motocicleta. Ela morreu no hospital. A amiga não se feriu. O assassino fugiu com documentos de Taiana. Até ontem à tarde, ele estava foragido.


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