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ANTONIO SATURNINO DE MENDONÇA NETO (1945 - 2010)
Ex-deputado que não se calou
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Muitos leitores alagoanos
não viam a hora de a sexta-feira chegar. Era o dia em que
o semanal "Extra Alagoas"
publicava a coluna de Antonio Saturnino de Mendonça
Neto. Seus textos polêmicos
eram os mais lidos do jornal.
Filho de um promotor alagoano, Mendonça Neto nasceu na mineira Rio Novo,
pois seu pai frequentemente
trocava de cidade a trabalho.
No Rio, formou-se em direito e começou no jornalismo. Passou por veículos como "O Cruzeiro" e "Manchete", e deu aulas no curso de
comunicação da PUC.
Decidiu morar em Alagoas, terra da família. Como
morria de medo de voar, foi
do Rio a Maceió no seu Fusca
azul. Lá, montou o próprio
jornal. Escrevia seus textos,
vendia anúncios e distribuía
a publicação nas bancas.
Durante os anos 70, entrou
para a política. Em 1974, elegeu-se deputado estadual
pelo MDB e, quatro anos depois, assumiu como deputado federal. Em 1982, voltou a
ser deputado estadual.
Em 1986, foi secretário do
Planejamento do governo
Collor em Alagoas, com
quem rompeu relações.
Combativo em seus textos,
inimigo de Collor e Renan Calheiros, acabou conhecido
como "a voz que não se cala".
Além do MDB, ele passou
pelo PDT e atualmente estava no PSOL, partido pelo
qual tentou vaga de deputado estadual neste ano. Não
foi eleito com os 1.781 votos
que recebeu, número bem inferior aos mais de 20 mil que
conseguia décadas atrás.
Há um ano e quatro meses
descobriu um câncer de rim.
Morreu anteontem, aos 65,
em decorrência da doença.
Deixa viúva e três filhos.
coluna.obituario@uol.com.br
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