São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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EDUCAÇÃO

Votação sobre mudanças em currículos da rede estadual é marcada por confusão; secretaria diz que erro foi corrigido

Sistema impede voto em carga horária maior


BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

No final do segundo dia de "eleições" pela internet para escolha do currículo da rede estadual em 2003, a Secretaria de Estado da Educação admitiu que o sistema de votação on-line contrariava o que o secretário Gabriel Chalita havia prometido anteontem.
Em entrevista coletiva, Chalita afirmou que, na hora de sugerir mudanças no currículo do ensino médio, as escolas poderiam optar pelo aumento do número de horas diárias de aula -de cinco para seis, no período diurno, e de quatro para cinco, no noturno.
O aumento de horas é a principal reivindicação dos sindicatos de profissionais da educação da rede estadual desde 97, quando houve a redução da carga horária.
Somente diretores de escola têm a senha que permite entrar no sistema de votação. O voto é decidido pelos conselhos de escola -órgãos formados por professores, pais, alunos e direção, representados igualmente- e registrado na internet pelo diretor.
Ontem, às 18h, a Folha teve acesso ao sistema, com senha disponibilizada pela direção de uma escola estadual, e verificou que não era permitida a opção de aumentar a carga horária. Quando foi tentada a alteração de 25 para 30 horas semanais de aula, surgiu na tela a mensagem "Somatório das aulas da série inválido! Diferente de 25. Corrija!".
Chalita disse ser contrário ao aumento da carga horária, mas afirmou que, se for essa a decisão da maioria, a proposta será defendida pela secretaria, que irá fazer um estudo financeiro e negociar verbas para a implementação. A votação faz parte do projeto "Democratização Escolar".
Segundo a Apeoesp (sindicato dos professores de escolas da rede estadual), a secretaria sonegou informações para evitar a vitória da proposta. O sindicato reclama que, nos comunicados recebidos pelas escolas, não foi feita menção à possibilidade de aumento da carga horária. Segundo a secretaria, não havia essa necessidade, já que havia sido dito que todas as sugestões, desde que respeitassem a lei, seriam consideradas.
Várias escolas, de acordo com a Apeoesp, computaram seus votos ontem e anteontem. Como não conseguiram optar pelo aumento, muitas teriam preferido manter o currículo como está.
Segundo a secretaria, ocorreu um defeito no sistema, solucionado ontem à noite. As escolas não serão prejudicadas, segundo a assessoria de imprensa, já que aquelas que quiserem alterar a opção feita poderão votar novamente até sexta-feira. A assessoria informou ainda que não recebeu reclamações em sua central telefônica de atendimento e que ficou sabendo do problema ao conversar com a Folha.


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