São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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Homem é baleado na pista de dança da Lov.e

Disparo na casa noturna do Itaim Bibi atingiu o pescoço de Marcelo Telles de Azevedo, 34, que está internado em estado grave

Segundo testemunhas, não houve briga nem tumulto no local, onde estavam 250 pessoas; polícia ainda não identificou agressor


Alexandre Schneider/Folha Imagem
Pista de dança da Lov.e, em SP, onde rapaz foi baleado ontem


KLEBER TOMAZ
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Passava das 2h de ontem quando um tiro disparado na pista de dança interrompeu a movimentada noite de black music da Lov.e, casa noturna de freqüência GLS-alternativa no Itaim Bibi, zona sul de SP.
A bala atravessou o pescoço do servente Marcelo Telles de Azevedo, 34, que foi conduzido para o pronto-socorro do hospital São Luiz. Até ontem o estado do servente era grave, e ele corria risco de morte.
Na hora, 258 pessoas estavam no local, mas nenhum amigo da vítima se apresentou para explicar o que poderia ter havido. Freqüentadores relataram ao proprietário que uma moça loira, suposta acompanhante da vítima, deixou o lugar aos prantos.
Preso por roubo há cinco anos, Telles está em liberdade condicional desde 2004. Ele e o agressor teriam discutido, segundo funcionários da Santo Segurança disseram à polícia. O motivo? Ninguém sabe.
Segundo testemunhas, "tudo aconteceu muito rápido". "Não houve briga nem tumulto antes do tiro. A impressão é a de que a pessoa foi ali apenas para dar o tiro e depois foi embora", diz o DJ Primo Preto, que toca na casa há quatro anos.
A caixa do lugar, Natália Silvestre, 21, que desmaiou logo após ver o corpo de Marcelo estirado no chão, diz que estava em frente à cena. "Dali eu ouço tudo que se passa fora, e posso dizer que não houve discussão ou briga. Foi um tiro e só."
Como alguém conseguiu entrar armado na casa noturna?
Seguranças e o dono do lugar, o empresário Francisco Carlos Faria Ramos, 63, dizem que a inspeção na entrada é razoavelmente rigorosa. As únicas pessoas que entram armadas são policiais -ontem, pelo menos seis estiveram lá. Até a conclusão desta edição, a polícia não havia identificado o agressor.
De acordo com o chefe dos seguranças da casa, Paulo César "Kojak" Barbosa, 32, "é impossível passar armado pela revista". Nenhum segurança trabalha usando arma, diz ele.
Kojak afirma que sua primeira reação, depois do tiro, foi abrir as portas para que o público saísse. "As pessoas poderiam se machucar no empurra-empurra. Nesses dois anos aqui, nunca vi nada igual", diz. Testemunhas disseram também ter presenciado muito corre-corre e gritaria após o disparo.
Inaugurada há oito anos, a Lov.e promove há quatro a noite de black music, sempre aos domingos, da 0h às 6h. Homens pagam R$ 30 (R$ 20 com flyer), e mulheres entram de graça.
Especialista em rap, Primo Preto diz que ele e outros DJs estavam tocando na cabine quando acenderam-se as luzes.
"Pedi para apagarem, mas nada. Aí, fui informado que um cara tinha sido baleado. Ainda fiquei perto para ver se alguém chorava pelo cara, ou se revoltava, mas não havia aparentemente ninguém conhecido."
No São Luiz, familiares pediram à assessoria que não desse informações sobre o estado de saúde de Azevedo. O delegado Mauro Guimarães Soares, do 15º DP, disse que o estado dele é grave e que abriu inquérito para apurar a tentativa de homicídio. "Tudo indica que quem atirou foi para matar. Se o autor é policial ou outro freqüentador, as investigações dirão."


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