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Serra anuncia troca do comando das polícias
Futuro chefe da Polícia Civil ocupa hoje a Seccional Centro, na capital; novo comandante da PM vem do policiamento rodoviário
Indicações de Serra mantêm tendência de afastamento do perfil adotado pelo atual secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo eleito de São Paulo anunciou ontem a troca da
cúpula da polícia. A escolha dos
comandantes das polícias Civil
e Militar segue o plano de ruptura anunciado pelo futuro governo na área de segurança, um
dos principais problemas do
Estado, e de afastamento do
perfil da gestão do secretário
Saulo de Castro Abreu Filho.
A opção do governador eleito, José Serra (PSDB), é por
uma polícia mais focada na inteligência e no planejamento e
não pelas ações espetaculosas e
declarações polêmicas, segundo pessoas que trabalharam em
seu plano de governo.
O delegado Mário Jordão Toledo Leme, atual chefe da Delegacia Seccional Centro de São
Paulo, foi escolhido como delegado-geral da Polícia Civil. O
coronel Roberto Antonio Diniz, hoje chefe do Policiamento
Rodoviário, vai assumir o Comando Geral da Polícia Militar.
Leme e Diniz estavam entre
os nomes cogitados, mas a escolha surpreendeu entidades
da categoria e membros da cúpula. Eles avaliam que a explicação está no plano da nova
gestão, que quer mudar a imagem na área de segurança.
Recuperação do centro
Leme é o único que não é
chefe de departamento -geralmente essa hierarquia nas promoções é obedecida. Ex-secretário-adjunto da Administração Penitenciária (1999-2000),
era o que tinha menos trânsito
na atual gestão. Na chefia da
Seccional Centro, aproximou-se dos tucanos na revitalização
do centro de São Paulo, como
com a "cracolândia". Discreto,
alheio a polêmica, Leme trabalhou em parceira com o subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo,
homem de confiança de Serra.
Uma das tarefas de Leme, segundo políticos próximos ao
tucano, será fazer uma reforma
no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), com troca de chefia.
Antes de assumir o Policiamento Rodoviário, o coronel
Diniz chefiou as operações na
região de Ribeirão Preto (314
km de SP). Defensor do policiamento comunitário e das estatísticas criminais como um instrumento no combate à violência, Diniz é descrito por políticos daquela cidade como um
comandante que se reúne com
a comunidade e que mantém
um bom relacionamento com
políticos. Ele também possui
boa articulação com entidades
de classe da Polícia Militar.
A assunção de Diniz ao comando da PM sinaliza a intenção de Serra de reformular os
cargos de comando, já que ele é
um oficial de 48 anos e os mais
antigos devem entrar para a reserva, dando espaço aos jovens.
O futuro secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, também anunciou o advogado criminalista e ex-delegado Lauro
Malheiros como secretário-adjunto. O superintendente da
Polícia Científica, Celso Perioli,
foi o único da cúpula mantido.
A Folha procurou os três novos indicados para falar sobre
os planos nos cargos, mas ninguém ligou de volta.
A atual gestão da Secretaria
da Segurança Pública foi marcada pela queda nas estatísticas, mas também por ataques
do PCC (Primeiro Comando da
Capital), protestos de entidades de classe e denúncias de
abuso de poder feitos pelo Ministério Público contra Saulo,
que nega as irregularidades.
As mudanças reforçam ainda
mais o poder de Luiz Antônio
Guimarães Marrey, futuro secretário da Justiça. Marrey e
Saulo têm origem em grupos
opostos no Ministério Público.
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