São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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Serra anuncia troca do comando das polícias

Futuro chefe da Polícia Civil ocupa hoje a Seccional Centro, na capital; novo comandante da PM vem do policiamento rodoviário

Indicações de Serra mantêm tendência de afastamento do perfil adotado pelo atual secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho


DA REPORTAGEM LOCAL

O governo eleito de São Paulo anunciou ontem a troca da cúpula da polícia. A escolha dos comandantes das polícias Civil e Militar segue o plano de ruptura anunciado pelo futuro governo na área de segurança, um dos principais problemas do Estado, e de afastamento do perfil da gestão do secretário Saulo de Castro Abreu Filho.
A opção do governador eleito, José Serra (PSDB), é por uma polícia mais focada na inteligência e no planejamento e não pelas ações espetaculosas e declarações polêmicas, segundo pessoas que trabalharam em seu plano de governo.
O delegado Mário Jordão Toledo Leme, atual chefe da Delegacia Seccional Centro de São Paulo, foi escolhido como delegado-geral da Polícia Civil. O coronel Roberto Antonio Diniz, hoje chefe do Policiamento Rodoviário, vai assumir o Comando Geral da Polícia Militar.
Leme e Diniz estavam entre os nomes cogitados, mas a escolha surpreendeu entidades da categoria e membros da cúpula. Eles avaliam que a explicação está no plano da nova gestão, que quer mudar a imagem na área de segurança.

Recuperação do centro
Leme é o único que não é chefe de departamento -geralmente essa hierarquia nas promoções é obedecida. Ex-secretário-adjunto da Administração Penitenciária (1999-2000), era o que tinha menos trânsito na atual gestão. Na chefia da Seccional Centro, aproximou-se dos tucanos na revitalização do centro de São Paulo, como com a "cracolândia". Discreto, alheio a polêmica, Leme trabalhou em parceira com o subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, homem de confiança de Serra.
Uma das tarefas de Leme, segundo políticos próximos ao tucano, será fazer uma reforma no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), com troca de chefia.
Antes de assumir o Policiamento Rodoviário, o coronel Diniz chefiou as operações na região de Ribeirão Preto (314 km de SP). Defensor do policiamento comunitário e das estatísticas criminais como um instrumento no combate à violência, Diniz é descrito por políticos daquela cidade como um comandante que se reúne com a comunidade e que mantém um bom relacionamento com políticos. Ele também possui boa articulação com entidades de classe da Polícia Militar.
A assunção de Diniz ao comando da PM sinaliza a intenção de Serra de reformular os cargos de comando, já que ele é um oficial de 48 anos e os mais antigos devem entrar para a reserva, dando espaço aos jovens.
O futuro secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, também anunciou o advogado criminalista e ex-delegado Lauro Malheiros como secretário-adjunto. O superintendente da Polícia Científica, Celso Perioli, foi o único da cúpula mantido.
A Folha procurou os três novos indicados para falar sobre os planos nos cargos, mas ninguém ligou de volta.
A atual gestão da Secretaria da Segurança Pública foi marcada pela queda nas estatísticas, mas também por ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital), protestos de entidades de classe e denúncias de abuso de poder feitos pelo Ministério Público contra Saulo, que nega as irregularidades.
As mudanças reforçam ainda mais o poder de Luiz Antônio Guimarães Marrey, futuro secretário da Justiça. Marrey e Saulo têm origem em grupos opostos no Ministério Público.


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