Delegado disse que o ex-PM Marcelo Vieira da Silva, 38, sofreu overdose e descartou, a princípio, suspeita de assassinato

Namorada do ex-policial disse em depoimento que ele teve alucinações e surtos após consumir grande quantidade de cocaína

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

O ex-PM Marcelo Vieira da Silva, 38, ex-marido da atriz Susana Vieira, morreu ontem, no Rio, com suspeita de overdose. O corpo de Silva foi achado na garagem do flat do grupo Transamérica, na Barra da Tijuca (zona oeste), onde ele morava havia um mês com a namorada, a estudante Fernanda Cunha.
O delegado Rafael Willis disse ontem que o ex-PM -expulso da corporação após ser acusado de agredir uma prostituta em um motel quando ainda era casado com Susana Vieira -sofreu overdose após fazer uso de cocaína por mais de 12 horas.
Segundo a família, o ex-PM lutava contra o vício havia mais de três anos, mas sofreu uma recaída após a apresentadora da TV Globo Ana Maria Braga se manifestar ao vivo contra ele, recém-separado da atriz.
Em depoimento ontem, Fernanda disse que o namorado recebeu "uma grande quantidade" de cocaína de dois PMs com quem se encontrou no centro do Rio, na quarta-feira.
A moça disse à polícia que, por estar passando mal, pediu a Silva para voltar para casa. Ela disse ter dormido no carro no trajeto e que, ao acordar, constatou que estava diante do motel Shalimar, no Vidigal (zona sul), onde o casal decidiu ficar.
No quarto, ela diz que voltou a dormir, enquanto o ex-PM consumia quase toda a droga.
Por volta das 3h de ontem, segundo relato de Fernanda, Silva começou a ter alucinações. Ela disse que o convenceu a voltar para o flat. No caminho, Silva voltou a cheirar cocaína, segundo a namorada, e, na garagem do flat, teve novo surto.
"Ele começou a correr em volta do carro dizendo que tinha inimigos dentro do veículo, gritou, deu voltas no estacionamento, tirou a camisa. Depois se atracou com uma pessoa imaginária", disse o delegado Rafael Willis, com base nos depoimentos de Fernanda, de dois funcionários do flat e de uma vizinha.
Após a "luta" imaginária, Silva se sentou no banco do carona e ficou desacordado, mas as testemunhas disseram achar que ele havia dormido. Só com a chegada dos bombeiros -cerca de três horas depois, segundo o delegado- é que se constatou que ele estava morto.
O delegado disse descartar, a princípio, suspeitas de assassinato. Ele disse que não havia drogas ou armas no carro e no apartamento do casal. O quarto do motel não foi periciado.
No automóvel de Silva, havia pequenas manchas de sangue, espalhadas pelas laterais, no capô e no porta-malas.
A perícia vai dizer se o sangue é de Silva, mas Willis afirmou que, segundo as testemunhas, o ex-PM feriu a boca em um dos surtos. Os resultados da perícia e do exame toxicológico devem sair em 15 dias.
Em nota distribuída por sua assessoria, Susana Vieira disse estar "muito triste e chocada. Que ele descanse em paz".
O pai do ex-PM, Eliseu Soares, 60, acusou a atriz de descaso e afirmou que ela nem sequer recebeu a família do ex-marido ontem, quando eles tentaram encontrá-la para obter a certidão de casamento dos dois, necessária para o enterro.


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