São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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PMs acusados de ligação com milícias e tortura são presos

Delegado afirma que eles podem ter relação com o caso de jornalistas torturados em favela na zona oeste do Rio de Janeiro; outras três pessoas foram presas

ANDRÉ ZAHAR
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A polícia do Rio prendeu ontem seis pessoas, entre elas três policiais militares, acusadas de ligação com a milícia que torturou uma equipe do jornal "O Dia" em maio deste ano. A quadrilha é acusada de controlar a favela do Batan, na zona oeste, onde dois repórteres e um motorista do jornal foram capturados durante reportagem. Duas pessoas estão foragidas.
O delegado Fábio Cardoso, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, disse que o policial Fábio Gonçalves, 36, apelidado de Fábio Catiri, e o pedreiro José Antônio Rachel de Souza, 40, o Boi, participaram da tortura. Na casa de Gonçalves foram encontrados um fuzil, um revólver e munições.
Segundo Cardoso, no período em que os repórteres estavam no cativeiro, o suposto chefe da milícia -o policial civil Odinei Fernando da Silva, 35, preso em junho acusado de ligação com as milícias- fez 17 ligações para Gonçalves.
Já Souza teria sido visto tomando conta de um morador da favela que também foi seqüestrado por, supostamente, colaborar com os repórteres.
Além deles, foram presos os PMs André Luís de Matos, 36, o Cocada, e Marco Antonio Alves da Silva, o Marcos Bope, 31, além do ex-PM Wilson de Souza Guimarães, 33, que cumpria pena em regime aberto por homicídio. Em depoimentos, todos negaram as acusações.
Nilson Bueno, o Faustão, foi preso em flagrante durante cumprimento de mandado de busca e apreensão. Em sua casa havia armas -garrucha, pistola, revólver- e munição.
Ao todo, foram cumpridos sete mandados de prisão e 29 de busca e apreensão.

Investigação
A investigação indica que a quadrilha controlava a favela, monopolizando serviços clandestinos de segurança, TV a cabo, linhas de transporte alternativo, gás, água e locação de imóveis. A tese do delegado é que o bando seria uma filial da milícia Liga da Justiça, que atuava em Campo Grande.
A suspeita da polícia partiu durante a prisão da vereadora eleita Carminha Jerominho, solta em outubro. Ela estava presa acusada de participar da milícia. O pai dela, vereador Jerominho, e o tio, ex-deputado estadual Natalino Guimarães, continuam presos. Todos negam as acusações.


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