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Bombeiros encontram os corpos de dois estudantes na zona leste
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
LÉO ARCOVERDE
DO "AGORA"
Os bombeiros encontraram
ontem os corpos de dois estudantes -um de 11 anos e outro
de 15- que haviam desaparecido na região conhecida como
Pantanal -conjunto de bairros
na margem do rio Tietê em São
Miguel (zona leste de SP).
A água inunda ruas e casas
desde a tempestade de terça. Os
moradores ainda convivem
com o esgoto, que se espalhou,
e com o medo de saques.
Segundo familiares dos estudantes, Leonardo Braz dos Santos, 11, e Thiago da Silva Lesser,
15, saíram às 14h10 de quinta do
Jardim Mara, com quatro adolescentes, para nadar na região
localizada entre duas lagoas conhecida como "prainha".
"Ele saiu de casa escondido,
não sei o que veio fazer aqui",
lamentava ontem, durante as
buscas, a cozinheira Rosineide
Braz dos Santos, 40, mãe de
Leonardo, ressaltando o fato de
o filho não saber nadar.
Oito pessoas haviam morrido
até ontem na Grande São Paulo
em razão da chuva de terça. Segundo a Defesa Civil, não se pode creditar a morte dos estudantes à tempestade. Contudo,
a chuva é o motivo pelo qual a
lagoa está mais cheia.
"Eles só vieram até aqui porque a água subiu demais. Molecada é assim mesmo, quanto
mais perigo, mais eles arriscam", disse Wilson Pereira Lesser Junior, 19, irmão de Thiago.
A Folha visitou ontem o Jardim Romano, área mais atingida pela inundação, e constatou
que a água baixou em relação a
quinta-feira, mas pouco. A região parecia tomada por um
grande lago poluído. A demora
para uma solução e a assistência "escassa" do poder público
revoltavam os moradores.
A dona de casa Maria Helena
da Conceição, 38, disse que fazia turnos com seu marido para
proteger a casa. O medo de saques contribui para que apenas
157 pessoas das cerca de 10 mil
atingidas pela enchente tenham ido para abrigos disponibilizados pela prefeitura.
"Cadastraram algumas famílias e disseram que viriam dar
cestas básicas. Ainda estou
procurando", disse Maria.
Ontem a reportagem cruzou
com equipe da Defesa Civil, da
Sabesp e de limpeza, o que não
havia ocorrido na quinta.
O Daee (Departamento de
Águas e Energia Elétrica) e a
Secretaria de Saneamento e
Energia, ambas do governo estadual, não deram ontem explicações técnicas aos questionamentos da Folha sobre a permanência das águas na região.
Na quinta, informaram apenas, por meio de nota oficial,
que a região serve para o amortecimento de cheias.
A Subprefeitura de São Miguel informou que implantaria
ontem à noite um ponto de
apoio para os moradores do
Jardim Romano. Disse ainda
que já entregou mais de 17 mil
itens, entre cestas básicas, colchonetes e cobertores.
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