São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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Bombeiros encontram os corpos de dois estudantes na zona leste

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

LÉO ARCOVERDE
DO "AGORA"

Os bombeiros encontraram ontem os corpos de dois estudantes -um de 11 anos e outro de 15- que haviam desaparecido na região conhecida como Pantanal -conjunto de bairros na margem do rio Tietê em São Miguel (zona leste de SP).
A água inunda ruas e casas desde a tempestade de terça. Os moradores ainda convivem com o esgoto, que se espalhou, e com o medo de saques.
Segundo familiares dos estudantes, Leonardo Braz dos Santos, 11, e Thiago da Silva Lesser, 15, saíram às 14h10 de quinta do Jardim Mara, com quatro adolescentes, para nadar na região localizada entre duas lagoas conhecida como "prainha".
"Ele saiu de casa escondido, não sei o que veio fazer aqui", lamentava ontem, durante as buscas, a cozinheira Rosineide Braz dos Santos, 40, mãe de Leonardo, ressaltando o fato de o filho não saber nadar.
Oito pessoas haviam morrido até ontem na Grande São Paulo em razão da chuva de terça. Segundo a Defesa Civil, não se pode creditar a morte dos estudantes à tempestade. Contudo, a chuva é o motivo pelo qual a lagoa está mais cheia.
"Eles só vieram até aqui porque a água subiu demais. Molecada é assim mesmo, quanto mais perigo, mais eles arriscam", disse Wilson Pereira Lesser Junior, 19, irmão de Thiago.
A Folha visitou ontem o Jardim Romano, área mais atingida pela inundação, e constatou que a água baixou em relação a quinta-feira, mas pouco. A região parecia tomada por um grande lago poluído. A demora para uma solução e a assistência "escassa" do poder público revoltavam os moradores.
A dona de casa Maria Helena da Conceição, 38, disse que fazia turnos com seu marido para proteger a casa. O medo de saques contribui para que apenas 157 pessoas das cerca de 10 mil atingidas pela enchente tenham ido para abrigos disponibilizados pela prefeitura.
"Cadastraram algumas famílias e disseram que viriam dar cestas básicas. Ainda estou procurando", disse Maria.
Ontem a reportagem cruzou com equipe da Defesa Civil, da Sabesp e de limpeza, o que não havia ocorrido na quinta.
O Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) e a Secretaria de Saneamento e Energia, ambas do governo estadual, não deram ontem explicações técnicas aos questionamentos da Folha sobre a permanência das águas na região.
Na quinta, informaram apenas, por meio de nota oficial, que a região serve para o amortecimento de cheias.
A Subprefeitura de São Miguel informou que implantaria ontem à noite um ponto de apoio para os moradores do Jardim Romano. Disse ainda que já entregou mais de 17 mil itens, entre cestas básicas, colchonetes e cobertores.


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