São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

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SEGURANÇA

Número de profissionais que não estão no cadastro da Polícia Federal praticamente dobrou em 2002, estimam sindicatos

Para cada vigia legalizado, 3 são clandestinos

DA REPORTAGEM LOCAL

Para cada policial no Brasil, há quatro guardas privados. Só que, desses quatro, três são ilegais e estão fora do controle do Estado. A multidão de clandestinos praticamente dobrou no último ano, segundo estimativas dos sindicatos das empresas e dos empregados da área de segurança privada. Clandestinidade significa estar fora do cadastro e supervisão da Polícia Federal, responsável pela fiscalização da segurança privada.
O Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Segurança Eletrônica e Cursos de Formação de São Paulo, estima que há 500 mil vigilantes legalizados no país. Os ilegais, porém, chegam a 1,5 milhão, estima a entidade.
São 1.300 empresas legalizadas no país, segundo o sindicato patronal, contra cerca de 4.500 ilegais, que não pagam taxas e não têm fiscalização sobre os funcionários -muitos dos quais andam armados.
"As empresas ilegais estão nas páginas amarelas, na internet, e ninguém faz nada", disse Carlos Roberto Silveira, assessor do Sindicato dos Empregados das Empresas de Vigilância, Segurança e Similares de São Paulo.
O presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Segurança Eletrônica e Curso de Formação de São Paulo, José Jacobson Neto, afirma que o setor ilegal da segurança privada cresceu de 20% a 30% no último ano, enquanto no legalizado esse aumento não chegou a 5%.
A Divisão de Controle da Segurança Privada da Polícia Federal não tem estimativa de clandestinos. No cadastro oficial são 351.040 vigilantes legalizados em atividade; os sindicatos das empresas e dos empregados crêem que os números são maiores.

Plano de segurança
A ampliação da fiscalização da segurança privada está no plano de segurança elaborado pelo governo Lula. "As empresa não têm sido fiscalizadas adequadamente. Hoje, nós temos um universo de empresas de muita qualidade, e outro que se caracteriza pela falta de seriedade", afirmou o novo secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, antes de assumir o posto.
O coronel da reserva da Polícia Militar José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública, reconhece que a fiscalização é falha.
"A Polícia Federal não tem recursos adequados para isso. É uma fiscalização meramente burocrática", afirmou Silva Filho. Segundo ele, a vistoria dos agentes se restringe à sede da empresa. "Nunca vão ao local onde o serviço de segurança é executado, para saber se o homem que está lá é regular", disse o coronel.
Mas, segundo ele, existe uma resistência da Polícia Federal em aceitar parceiras com os governos estaduais, por exemplo. Para isso, teria de abrir mão das receitas vindas do pagamento de taxas.
O sindicato patronal diz que empresas legalizadas e instituições bancárias pagam cerca de R$ 500 milhões/ano em taxas de fiscalização e vistoria. O dinheiro é destinado ao Fundo Nacional de Reaparelhamento da Polícia e financia investimentos na PF.

Denúncias sobre empresas clandestinas: Sindicato das Empresas de Segurança Privada (tel. 0/xx/11/3858-7360); Sindicato dos Empregados de Empresas de Vigilância (tel. 0/xx/11/3361-5644)


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