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Sobrevivente quer processar escritor e diretor
DA REPORTAGEM LOCAL
Ailton Batata, 47, pretende mover no próximo mês uma ação
contra o filme e o livro "Cidade de
Deus". Ele é único sobrevivente
da guerra entre traficantes que arrasou o bairro de Cidade de Deus
nas décadas de 70 e 80. Era o rival
de Zé Pequeno na luta pelo domínio das bocas de tráfico e tinha
Mané Galinha como comparsa.
Foi o único personagem do livro "Cidade de Deus" que teve o
codinome utilizado por Paulo
Lins mantido na versão da história para as telas do cinema.
Batata, que os moradores reconhecem no livro e no filme como
sendo o personagem Sandro Cenoura, não foi consultado sobre a
divulgação de sua história no livro
nem no filme.
"Demos início a uma tentativa
de negociação com a O2 Filmes, a
Globo Filmes e a Companhia das
Letras, e um advogado da produtora alegou que Sandro Cenoura é
um personagem criado, fictício",
explica o advogado de Batata, José
Ronaldo Ferreira Bezerra, 33.
"Tanto o filme quando o livro são
mercantilizações de uma biografia que eles não tinham autorização para divulgar e para lucrar
com isso."
Segundo Bezerra, depois do filme, o filho de 14 anos de Batata
ganhou o apelido de "Cenourinha" entre os vizinhos e colegas
de escola.
"Ele [Batata" está saindo da prisão e deveria ter o direito ao esquecimento e à reinserção na sociedade. Mas vai sair de lá condenado por um filme que expõe seu
passado e para o qual ele não havia dado nenhuma autorização."
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