São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

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Sobrevivente quer processar escritor e diretor

DA REPORTAGEM LOCAL

Ailton Batata, 47, pretende mover no próximo mês uma ação contra o filme e o livro "Cidade de Deus". Ele é único sobrevivente da guerra entre traficantes que arrasou o bairro de Cidade de Deus nas décadas de 70 e 80. Era o rival de Zé Pequeno na luta pelo domínio das bocas de tráfico e tinha Mané Galinha como comparsa.
Foi o único personagem do livro "Cidade de Deus" que teve o codinome utilizado por Paulo Lins mantido na versão da história para as telas do cinema.
Batata, que os moradores reconhecem no livro e no filme como sendo o personagem Sandro Cenoura, não foi consultado sobre a divulgação de sua história no livro nem no filme.
"Demos início a uma tentativa de negociação com a O2 Filmes, a Globo Filmes e a Companhia das Letras, e um advogado da produtora alegou que Sandro Cenoura é um personagem criado, fictício", explica o advogado de Batata, José Ronaldo Ferreira Bezerra, 33. "Tanto o filme quando o livro são mercantilizações de uma biografia que eles não tinham autorização para divulgar e para lucrar com isso."
Segundo Bezerra, depois do filme, o filho de 14 anos de Batata ganhou o apelido de "Cenourinha" entre os vizinhos e colegas de escola.
"Ele [Batata" está saindo da prisão e deveria ter o direito ao esquecimento e à reinserção na sociedade. Mas vai sair de lá condenado por um filme que expõe seu passado e para o qual ele não havia dado nenhuma autorização."


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