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Mãe instala 8 câmeras, e babás recusam emprego
"Venho aqui para trabalhar, e não para fazer coisa errada", explica contratada
Até no banheiro da casa há uma câmera; nos EUA, pais colocam um aparelho que verifica como motorista está dirigindo e GPS em tênis
DA REPORTAGEM LOCAL
Do computador na mesa de
trabalho ou do celular, a analista de sistemas Gislaine Ferreira
Lima Verri monitora pela internet a rotina da filha única,
Amanda, 1. Desde que voltou a
trabalhar, após a licença-maternidade, ela instalou oito câmeras com microfones em todos os cômodos da casa -inclusive no banheiro- e avisou a
babá sobre o monitoramento.
"Podem me chamar de neurótica, superprotetora, do que
quiser. Eu chamo isso de amor
e de segurança", afirma Gislaine, que trabalha na região central e mora a dez quilômetros
dali, em São Caetano do Sul. Ela
sai às 7h de casa e só retorna do
trabalho às 19h.
Gislaine conta que instalou
as câmeras antes mesmo de
contratar uma babá. "Das sete
que entrevistei, seis não quiseram o trabalho por causa das
câmeras. Quando ela [Claudete, a babá contratada] veio aqui,
eu já avisei: posso monitorar
você pela internet, pelo celular,
posso ver o que você está fazendo o dia todo; tem algum problema?" A babá, diz ela, respondeu que não.
A mãe acredita que, por trabalhar fora o dia todo, acaba
perdendo os momentos mais
importantes do crescimento da
filha. "No tempo livre, olho as
imagens. O que eu não posso
ver no trabalho, quando chego
em casa vejo a gravação."
Claudete, a babá, afirma que
não se incomoda de ser observada. "Venho aqui para trabalhar, e não para fazer coisa errada", disse ela, desligando rapidamente o telefone.
A empresária Silvia Castro,
38, também possui quatro câmeras em casa. Na última terça,
às 16h, ela acompanhava no
computador do trabalho a babá
dando banho na filha Luana, 2.
Ao mesmo tempo, uma outra
câmera exibia o filho Lucas, 4,
assistindo a desenhos na TV da
sala. Uma terceira câmera, na
cozinha, mostrava a empregada lavando a louça do almoço. "É uma forma de estar
mais perto deles, ainda que
não me vejam."
GPS
A tecnologia também tem
ajudado os pais a monitorar
os filhos fora de casa. Sistemas
de GPS (de localização) nos celulares, nos carros e até em sapatos já são usados para controlar os passos da prole fora de
casa. Nos Estados Unidos, alguns pais já instalam o dispositivo no momento em que o filho ganha o primeiro carro.
O aparelho envia notificação
por e-mail ou mensagem de
texto e pode ser instalado sob o
painel ou, em alguns casos, plugado no acendedor de cigarro.
Pelo dispositivo, os pais podem
saber se o filho está dirigindo
de forma imprudente ou correndo demais, onde vão e, em
alguns aparelhos, se estão
usando o cinto de segurança.
Outra alternativa ao rastreamento por GPS é um dispositivo como o CarChip, que grava e
relata como o carro está sendo
dirigido. A caixa preta pode
ser removida do carro e os
dados baixados para um
computador para determinar, por exemplo, onde o veículo
esteve e se foi dirigido perigosamente.
Nos EUA também foi
criado um tênis
com GPS. Basta acionar um botão para que uma empresa de
monitoramento 24 horas localize a pessoa. Aparentemente, o
tênis é normal. O chip que ativa o GPS fica na sola e os botões são discretos.
No Brasil, as grandes
empresas de telefonia já
oferecem aos seus
clientes aparelhos
celulares munidos
com GPS.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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