São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

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Mãe instala 8 câmeras, e babás recusam emprego

"Venho aqui para trabalhar, e não para fazer coisa errada", explica contratada

Até no banheiro da casa há uma câmera; nos EUA, pais colocam um aparelho que verifica como motorista está dirigindo e GPS em tênis

DA REPORTAGEM LOCAL

Do computador na mesa de trabalho ou do celular, a analista de sistemas Gislaine Ferreira Lima Verri monitora pela internet a rotina da filha única, Amanda, 1. Desde que voltou a trabalhar, após a licença-maternidade, ela instalou oito câmeras com microfones em todos os cômodos da casa -inclusive no banheiro- e avisou a babá sobre o monitoramento.
"Podem me chamar de neurótica, superprotetora, do que quiser. Eu chamo isso de amor e de segurança", afirma Gislaine, que trabalha na região central e mora a dez quilômetros dali, em São Caetano do Sul. Ela sai às 7h de casa e só retorna do trabalho às 19h.
Gislaine conta que instalou as câmeras antes mesmo de contratar uma babá. "Das sete que entrevistei, seis não quiseram o trabalho por causa das câmeras. Quando ela [Claudete, a babá contratada] veio aqui, eu já avisei: posso monitorar você pela internet, pelo celular, posso ver o que você está fazendo o dia todo; tem algum problema?" A babá, diz ela, respondeu que não.
A mãe acredita que, por trabalhar fora o dia todo, acaba perdendo os momentos mais importantes do crescimento da filha. "No tempo livre, olho as imagens. O que eu não posso ver no trabalho, quando chego em casa vejo a gravação."
Claudete, a babá, afirma que não se incomoda de ser observada. "Venho aqui para trabalhar, e não para fazer coisa errada", disse ela, desligando rapidamente o telefone.
A empresária Silvia Castro, 38, também possui quatro câmeras em casa. Na última terça, às 16h, ela acompanhava no computador do trabalho a babá dando banho na filha Luana, 2.
Ao mesmo tempo, uma outra câmera exibia o filho Lucas, 4, assistindo a desenhos na TV da sala. Uma terceira câmera, na cozinha, mostrava a empregada lavando a louça do almoço. "É uma forma de estar mais perto deles, ainda que não me vejam."

GPS
A tecnologia também tem ajudado os pais a monitorar os filhos fora de casa. Sistemas de GPS (de localização) nos celulares, nos carros e até em sapatos já são usados para controlar os passos da prole fora de casa. Nos Estados Unidos, alguns pais já instalam o dispositivo no momento em que o filho ganha o primeiro carro.
O aparelho envia notificação por e-mail ou mensagem de texto e pode ser instalado sob o painel ou, em alguns casos, plugado no acendedor de cigarro. Pelo dispositivo, os pais podem saber se o filho está dirigindo de forma imprudente ou correndo demais, onde vão e, em alguns aparelhos, se estão usando o cinto de segurança.
Outra alternativa ao rastreamento por GPS é um dispositivo como o CarChip, que grava e relata como o carro está sendo dirigido. A caixa preta pode ser removida do carro e os dados baixados para um computador para determinar, por exemplo, onde o veículo esteve e se foi dirigido perigosamente.
Nos EUA também foi criado um tênis com GPS. Basta acionar um botão para que uma empresa de monitoramento 24 horas localize a pessoa. Aparentemente, o tênis é normal. O chip que ativa o GPS fica na sola e os botões são discretos.
No Brasil, as grandes empresas de telefonia já oferecem aos seus clientes aparelhos celulares munidos com GPS. (CLÁUDIA COLLUCCI)

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