São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

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Pepe Romeiro e o futebol do Palmeiras

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Tudo é verde na casa do ex-ponta-esquerda Romeiro -mas a mulher, com a autoridade das bodas de ouro passadas com o jogador, apressa-se em dizer: "quem gosta de verde aqui sou eu".
Porque já era "sua menina" quando ele jogou pelo Palmeiras, de 1958 a 1962, suas 114 partidas com 62 gols -o mais importante deles na decisão do Campeonato Paulista de 1959, contra o Santos de Pelé, que garantiu o título.
Nasceu em Taboas (RJ) já "louco por bola" o menino José Romeiro Cardoso Neto. A mãe ralhava cada vez que pedia uma entrega e ele esquecia, passando a tarde na pelada, com a encomenda à espera no chão.
Aos 18 serviu ao Exército como pára-quedista. Temia tanto quando "o empurravam lá de cima" que a corporação o perdeu para o futebol, ainda na equipe de juniores do América. Virou profissional e foi para São Paulo, jogar no Palmeiras -estreou em 1958, em vitória sobre o Botafogo de Ribeirão Preto.
Dizem os amigos que era versátil e que saia da posição de ponta-esquerda para jogar onde fosse preciso. "Só não jogava no gol porque eu não deixava", diz um ex-goleiro, colega de equipe.
O time do coração ele deixou em 1962, para jogar na Colômbia -lá era o "Pepe Romero", adorado pelo bicampeonato no Milionários. E foi ainda técnico de juniores e treinador, no Brasil -a dor no joelho, "que espetava feito prego", acabou o afastando da bola.
Tinha três filhos e dois netos "o Sputnik Brasileiro" -apelido e título de biografia sobre ele-, que mesmo aos 74 anos ia ao Parque Antártica duas ou três vezes por semana, só para papear.
Vinha tendo dores no peito e cogitava mesmo um infarto, que aconteceu na tarde calma do dia 4. Estava sentado no quintal, pensando na vida, quando "deu uma cochilada, suspirou e morreu".


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