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Pepe Romeiro e o futebol do Palmeiras
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Tudo é verde na casa do ex-ponta-esquerda Romeiro
-mas a mulher, com a autoridade das bodas de ouro
passadas com o jogador,
apressa-se em dizer: "quem
gosta de verde aqui sou eu".
Porque já era "sua menina" quando ele jogou pelo
Palmeiras, de 1958 a 1962,
suas 114 partidas com 62 gols
-o mais importante deles na
decisão do Campeonato Paulista de 1959, contra o Santos
de Pelé, que garantiu o título.
Nasceu em Taboas (RJ) já
"louco por bola" o menino
José Romeiro Cardoso Neto.
A mãe ralhava cada vez que
pedia uma entrega e ele esquecia, passando a tarde na
pelada, com a encomenda à
espera no chão.
Aos 18 serviu ao Exército
como pára-quedista. Temia
tanto quando "o empurravam lá de cima" que a corporação o perdeu para o futebol, ainda na equipe de juniores do América. Virou profissional e foi para São Paulo,
jogar no Palmeiras -estreou
em 1958, em vitória sobre o
Botafogo de Ribeirão Preto.
Dizem os amigos que era
versátil e que saia da posição
de ponta-esquerda para jogar onde fosse preciso. "Só
não jogava no gol porque eu
não deixava", diz um ex-goleiro, colega de equipe.
O time do coração ele deixou em 1962, para jogar na
Colômbia -lá era o "Pepe
Romero", adorado pelo bicampeonato no Milionários.
E foi ainda técnico de juniores e treinador, no Brasil -a
dor no joelho, "que espetava
feito prego", acabou o afastando da bola.
Tinha três filhos e dois netos "o Sputnik Brasileiro"
-apelido e título de biografia
sobre ele-, que mesmo aos
74 anos ia ao Parque Antártica duas ou três vezes por semana, só para papear.
Vinha tendo dores no peito
e cogitava mesmo um infarto, que aconteceu na tarde
calma do dia 4. Estava sentado no quintal, pensando na
vida, quando "deu uma cochilada, suspirou e morreu".
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