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Universidades privadas oferecem cursos gratuitos
Ao menos 4 instituições de São Paulo e do Rio têm carreiras sem cobrança de mensalidade; 3 estão com inscrição aberta
Para especialista, é uma estratégia para atrair alunos mais bem preparados e elevar as notas obtidas
nas avaliações do MEC
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os vestibulandos que querem cursar o ensino superior
gratuitamente podem levar
também as universidades particulares em consideração.
Em São Paulo e no Rio, ao
menos quatro instituições separaram carreiras em que não
se paga mensalidade do começo ao fim do curso.
Três delas estão com as inscrições para o vestibular abertas (veja quadro ao lado).
Na Grande São Paulo, a Universidade Cruzeiro do Sul oferece vagas gratuitas em economia, geografia, história, música,
serviço social e ciências sociais;
a São Judas Tadeu, em filosofia;
e o Unifieo (Centro Universitário Fundação Instituto de Ensino para Osasco), em engenharia de computação.
No Rio, as vagas estão no curso de pedagogia da UniverCidade (Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro).
Os demais cursos oferecidos
por essas entidades são pagos.
A Cruzeiro do Sul, por exemplo,
tem 40 graduações. As mensalidades vão de R$ 320 a R$ 1.425.
De seus 20 mil estudantes, 276
estão nos cursos gratuitos.
Estratégia
Especialistas em educação
elogiam a iniciativa, mas dizem
que não se pode esquecer de
que essas entidades têm interesses que vão além do educacional e do social. "Não são
bondades, mas estratégias", diz
João Roberto Alves, presidente
do Ipae (Instituto de Pesquisas
Avançadas em Educação).
Quando abre vestibular para
uma graduação gratuita, a faculdade atrai mais candidatos
que o habitual e, assim, pode
selecionar alunos mais bem
preparados que os dos cursos
pagos. São os que obterão notas
mais altas nas avaliações do Ministério da Educação. Bem colocada no ranking do governo, a
faculdade fica mais atraente
para novos estudantes.
"Quando saíram as notas do
Enade [avaliação dos universitários], você viu o fuzuê que foi,
o ministro falando todo dia na
TV? Quando tem uma boa avaliação, você acaba ficando em
evidência e mostrando o seu
trabalho", afirma Carlos Andrade, pró-reitor da Cruzeiro
do Sul. Em 2005, seu curso de
geografia -gratuito- foi o primeiro colocado no Enade.
Para que os alunos continuem empenhados, as instituições exigem que não sofram
nenhuma reprovação. Quando
isso ocorre, eles sumariamente
perdem a gratuidade.
As vantagens continuam. Fábio Gallo, um dos coordenadores do MBA em gestão universitária da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica de São
Paulo), lembra que o aluno da
graduação gratuita hoje é o aluno da pós-graduação paga amanhã. "Ele acaba comprando outros produtos da universidade."
"Como instituições empresariais, estão preocupadas em
ampliar seus negócios", explica
Carlos Benedito Martins, diretor do Núcleo de Pesquisas sobre o Ensino Superior da UnB
(Universidade de Brasília).
As universidades dão explicações diferentes para as graduações gratuitas. O Unifieo
quer que seu curso de engenharia de computação se torne referência para empresas de tecnologia. "Elas já vêm procurar
estagiários aqui", diz a coordenadora do curso, Marlene Dias.
A Universidade Cruzeiro do
Sul afirma que quer mostrar
que tem "a mesma competência da universidade pública".
A UniverCidade explica que
as vagas fazem parte de seu
projeto social na Mangueira e
em Rio das Pedras -os alunos
precisam ser moradores dessas
favelas do Rio. Para desfrutar
das isenções tributárias da filantropia, a instituição é obrigada a oferecer um certo número de bolsas para alunos pobres.
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