São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2009

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Mais 14 mulheres acusam médico de assédio

Elas procuraram o Ministério Público desde sexta após divulgação do caso; Abdelmassih nega acusações

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde sexta-feira, mais 14 novas mulheres, uma acompanhada do marido, procuraram o Ministério Público do Estado de São Paulo ou a Polícia Civil para denunciar supostos crimes sexuais praticados pelo médico Roger Abdelmassih, 65, dono da maior clínica de fertilização in vitro do Brasil.
A procura começou após a Folha publicar, no dia 9, reportagem sobre a abertura de um inquérito contra o médico. Até aquele momento, nove mulheres já haviam prestado depoimento formal à polícia.
Abdelmassih nega todas as acusações e afirmou, em nota divulgada sexta-feira, que não teve acesso à íntegra do inquérito policial. Seu advogado, Adriano Vanni, disse ontem que não sabia dos novos depoimentos. "Não posso comentar sobre o que não sei", afirmou.
Os novos depoimentos são similares aos relatos colhidos em maio. Em geral, as mulheres acusam o médico de tentar beijá-las ou acariciá-las, quando estavam sozinhas -sem o marido ou a enfermeira presente. Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação.
Uma das mulheres que procuraram o Ministério Público ontem contou que vivia fora do Brasil, mas voltou ao país apenas para se tratar com Abdelmassih. Ela afirmou ter sido agarrada pelo médico durante uma consulta.
As mulheres que prestaram depoimento no inquérito têm entre 30 e 40 anos, são casadas, bem-sucedidas profissionalmente, de pelo menos três Estados diferentes e não se conheciam. Apesar de se declararem ultrajadas, nenhuma ex-paciente quer revelar publicamente a sua identidade.
No inquérito, não há prova material contra o médico, apenas relatos. Mesmo assim, o promotor José Reinaldo Carneiro, do Gaeco, grupo especial do Ministério Público paulista que investiga o caso, acredita ter indícios suficientes para oferecer uma denúncia contra o médico.
Na polícia, o crime investigado é atentado violento ao pudor (ato libidinoso diferente de estupro), que pode acarretar até dez anos de prisão.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) abriu uma sindicância sobre as denúncias.
O médico ainda não foi ouvido. Chamado a depor na Promotoria em agosto, ele apresentou atestado médico e não compareceu.


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