São Paulo, quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

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Fila para tratar diarreia no Guarujá leva 4 h

Posto de saúde fica lotado de pacientes; devido ao surto, prefeitura suspendeu férias e folgas de médicos para atender à demanda

Número atualizado de pessoas com diarreia não foi divulgado; doença atingiu 780 pessoas só entre 30 de dezembro e 3 de janeiro


DaniloVerpa/Folha Imagem
Devido ao surto de diarreia, pessoas fazem fila em posto de saúde no Guarujá, litoral de São Paulo

RICARDO WESTIN
ENVIADO ESPECIAL AO GUARUJÁ

Os hospitais e os postos de saúde do Guarujá, no litoral de São Paulo, estão abarrotados de doentes desde a virada do ano, quando a cidade foi tomada por surtos de diarreia.
Muitas vezes desidratados e invariavelmente abatidos, os pacientes precisavam ontem esperar quatro horas para serem atendidos no principal posto de saúde do Guarujá, em frente à sede da prefeitura.
Para conseguir dar conta de toda a demanda, a prefeitura determinou que nenhum médico da rede pública terá permissão para tirar férias ou folgas por estes dias.
A cidade registrou 780 casos de diarreia apenas entre 30 de dezembro e 3 de janeiro. Apesar dos pedidos da Folha, o gabinete da prefeita Maria Antonieta de Brito (PMDB) não informou os novos casos registrados na última semana.
De qualquer forma, as estatísticas oficiais sempre mostrarão um número abaixo do real, já que nem todos os doentes chegam a buscar ajuda médica.
A Folha contou 90 pacientes, sentados ou em pé, na pequena, lotada e abafada sala de espera do posto de saúde no meio da tarde. Havia bebês de colo. Na rua, fazia 34C.
A costureira Jocelaine Aquino, 34, após a consulta médica, passou quase uma hora sendo hidratada com soro, pela veia. "Éramos 12 no soro. Tinha doente até de pé. Mal saía uma pessoa, outra já entrava. A sala do soro não ficou vazia nem um minuto sequer", conta.
Assim como boa parte dos doentes, Jocelaine se queixava de diarreia, vômito, dor no corpo e febre. Saiu com um vago diagnóstico de virose e a recomendação de hidratar-se.
Na clínica privada Medical Care, a poucas quadras da praia de Pitangueiras, o médico de plantão dizia nunca ter visto tanto paciente ao mesmo tempo com diarreia e vômito. "Digo, sem exagero, que 90% vêm com esses sintomas", calculou o clínico José Luiz Contieri.
Apesar de os surtos terem surgido há pelo menos duas semanas, as autoridades do Guarujá ainda não têm ideia da causa. A prefeitura enviou amostras de fezes de doentes para análise laboratorial. O resultado deve sair em dez dias.
A diarreia pode ser provocada pela ingestão de alimento ou água contaminada. E pode ser transmitida de pessoa para pessoa. Mar poluído também é causa de inflamação intestinal.
Os moradores do Guarujá suspeitam da água da cidade. A Folha conversou com várias pessoas que dizem comprar só água engarrafada porque a da torneira vez ou outra aparece com cor ou gosto estranho.
A ONG Princípios move uma ação judicial contra a Sabesp (empresa de tratamento e distribuição de água) por considerar a água fornecida ao Guarujá imprópria para o consumo.
A Sabesp, por sua vez, responde que "a população pode e deve consumir com tranquilidade a água que chega pelas redes de abastecimento da empresa". A prefeitura concorda.


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