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J., 3, acompanha a
mãe na mendicância
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
MARLENE BERGAMO
repórter fotográfica
O pequeno J. S., 3, acompanha a
mãe há quase um ano em um dos
pontos de mendicância da capital.
O motivo é o apego, explica a
mãe, Tatiana dos Santos, 18.
Acorda tarde todos os dias e vai
dormir sempre de madrugada, ao
retornar da rua.
Os dois moram em Osasco
(Grande São Paulo) e viajam de
segunda a sexta para São Paulo. O
destino é a praça Panamericana,
na zona sudoeste da cidade.
J. toma banho na casa dos avós,
troca de roupa e recebe uma mamadeira antes de sair para o compromisso, às 18h. Na sacola a mãe
leva uma blusa e um pouco de leite -o lanche da madrugada para
o garoto.
O turno de trabalho começa depois das 19h, após quase uma hora dentro do ônibus. A Folha
acompanhou um dia na vida dos
dois, na semana passada.
No caminho, a garota revela que
sente vergonha do que faz. ""Mas
foi o único jeito que achei para
botar comida na mesa de casa."
Demitida de uma fábrica de autopeças, há um ano, a garota descobriu um supermercado 24 horas conversando com uma tia. Tatiana é a mais velha de dez irmãos,
cujo pai, o único empregado, ganha cerca de R$ 240 por mês.
A essência desse subemprego é
esperar as idas e vindas de quem
compra no supermercado. Do lado de fora, os dois esperam que
alguém estacione o carro e o abordam. Às vezes, o contato é feito na
saída. O que muda, nas duas situações, é o tipo de esmola. No
primeiro caso é em dinheiro. No
outro, em alimentos.
A chuva atrapalhou a noite dos
dois, considerada uma das mais
rentáveis por ser próxima do final
de semana. ""Não fizemos nem
para o ônibus", diz Tatiana.
Na sacola, porém, estão cinco
quilos de arroz, um de feijão, um
frango inteiro, dois pacotes de bolacha e um litro de leite -a refeição do dia seguinte.
Foram os alimentos que convenceram a família a tolerar a
idéia de Tatiana. ""No começo, minha mãe ficou sem falar comigo
uma semana", diz.
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