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Superbacilos enfrentam terapia
especial para a Folha
A tuberculose é uma doença
milenar. O bacilo causador da
doença já foi encontrado em múmias egípcias. Porém, nos últimos
anos, a infecção está adquirindo
uma nova face. Começam a surgir
bacilos multirresistentes, ou seja,
que não respondem bem ao tratamento convencional.
A primeira droga contra a tuberculose, a estreptomicina, foi
descoberta em 1946. Na década de
50, outras drogas foram pesquisadas e surgiram as primeiras combinações de remédios. Naquela
época, acreditava-se que o fim da
doença estaria próximo.
"Infelizmente as pesquisas de
novas drogas estão muito atrasadas", afirma o chefe do ambulatório de tuberculose do Hospital das
Clínicas de São Paulo, Olavo Henrique Munhoz Leite.
Ele estima que as infecções por
bacilos multirresistentes cheguem a 3% dos casos de tuberculose recém-diagnosticados. "Isso
tem um impacto individual muito
sério sobre os pacientes HIV positivos", diz.
No curso do tratamento, uma
infecção comum pode virar multirresistente, principalmente se o
paciente não toma os remédios
ou desiste do tratamento.
Para o infectologista David Uip,
diretor da Casa da Aids de São
Paulo, o maior problema no tratamento da tuberculose é a falta de
adesão do paciente.
O tratamento para tuberculose
é longo. Dura seis meses nos pacientes regulares e entre 9 e 12 meses nos pacientes com alguma
imunodeficiência (Aids, tratamento contra rejeição de órgãos
transplantados, entre outras).
O paciente deve tomar vários
comprimidos por dia. Alguns remédios provocam intolerância
gástrica (náuseas e vômitos) e podem, raramente, causar hepatite
medicamentosa.
Além disso, após algumas semanas de tratamento, os sintomas desaparecem, apesar de a
doença ainda não estar curada.
Esses motivos levam muitos pacientes a desistir do tratamento
antes do tempo previsto.
Se o paciente interrompe o tratamento ou toma os remédios incorretamente, o pulmão não é esterilizado.Ou seja, sobram bacilos
capazes de manter a infecção.
A cada desistência ou tomada
incorreta, mais bacilos resistentes
são selecionados, até surgir a resistência a mais de um remédio, a
multirresistência, de difícil tratamento e controle.
A tuberculose sempre esteve associada à pobreza, porque acomete mais pessoas desnutridas.
No entanto, Uip afirma que "pacientes de classe média ou alta
com tuberculose são frequentemente encontrados em consultório particular de infectologia".
Uip diz que medidas de prevenção da doença são de difícil execução. "O mais importante é estabelecer programas de educação da
população, para que não abandone o tratamento."
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