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Instituto Butantan fará a versão nacional do botox
Substância produzida pelo instituto deverá custar a metade da versão importada
O produto passou por testes clínicos e será submetido para aprovação do registro na Anvisa; deve chegar ao mercado até o fim do ano
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Instituto Butantan produzirá a versão nacional da toxina
botulínica tipo A, o popular
"botox". O produto passou pela
fase de testes clínicos e será
submetido para aprovação do
registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A expectativa é de que entre no
mercado até o final deste ano.
Segundo o pesquisador Isaías
Raw, presidente da Fundação
Butantan, a substância produzida pelo instituto deverá custar a metade da versão importada. O país gasta por ano US$ 7
milhões na importação do produto para uso dermatológico.
São, em média, 150 mil doses
por ano, segundo a Anvisa.
A toxina -que é produzida
pela bactéria Clostridium botulinum- age no músculo de modo a diminuir ou a eliminar os
impulsos que o acionam. Pode
ser usada na reabilitação de
doenças neuromusculares, para suavizar rugas e vincos na
pele e como soro antibotulínico, para tratar o botulismo.
Raw afirma que a toxina produzida pelo Butantan foi aprovada para essas três finalidades.
Para o uso estético, o instituto
fechou parceria com uma empresa privada que fez testes clínicos comparativos em 200
pessoas. "Os efeitos são iguais
aos da toxina importada", diz.
Raw não quis informar o nome da empresa que testou e vai
comercializar o produto.
Segundo ele, o Butantan fornecerá a toxina botulínica, a
um baixo custo, aos hospitais
da rede pública que a utilizam
em tratamentos médicos.
O laboratório Allergan, fabricante da toxina botulínica que
leva o nome comercial de Botox
e é líder na distribuição no país,
informou ontem, por meio de
nota, que não pode opinar sobre produtos que não conhece.
Ressalta, porém, que os produtos biológicos, como a toxina
botulínica do tipo A, não são
iguais e não podem ser classificados como "similares". "Não
existem garantias de que todos
ofereçam os mesmos níveis de
eficácia e segurança."
A toxina botulínica fabricada
pelo Allergan é aprovada em 33
países para o tratamento de diversas patologias neurológicas.
No Brasil, o produto se popularizou a partir de 2001, quando a
comercialização foi liberada
pela Anvisa para fins estéticos e
no tratamento de suor excessivo nas mãos e pés.
Segundo a dermatologista Ligia Kogos, considerada a maior
aplicadora de botox do país
-ou da América Latina, como
ela faz questão de enfatizar-,
será preciso mais pesquisas clínicas para demonstrar se a toxina botulínica brasileira será
tão eficiente e segura como o
Botox, que ela usa há 14 anos.
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