São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008 |
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GILBERTO DIMENSTEIN Professora do sono O ideal seria que as aulas só começassem à tarde, diz neuropediatra que estuda distúrbios do sono
AS ESCOLAS AJUDARIAM OS ADOLESCENTES a aprender melhor se os deixassem dormir
mais tempo de manhã -aliás,
o ideal seria que as aulas só começassem à tarde. "Posso assegurar
que deixar os jovens mais tempo na
cama seria recomendável." Formada em neurologia pediátrica, Márcia conseguiu ser aceita num programa de pesquisas na Bélgica, onde se estudavam distúrbios de sono dos adultos. Como tinha interesse em neurologia infantil, ela começou a participar de pesquisas sobre a dificuldade de dormir das crianças e dos adolescentes. Apesar dos convites para continuar a fazer pesquisas na Europa, preferiu voltar ao Brasil, onde imaginava que poderia realizar atendimentos. "Estava cansada de ficar só em laboratório", conta ela. Quase se arrependeu -até porque ela, preocupada, começou a perder um pouco o sono. Márcia já estava havia seis anos fora do país e tinha perdido muitos de seus contatos médicos. No Brasil, pouco se falava em tratamento dos distúrbios do sono, muito menos nos problemas relacionados a crianças e adolescentes. Para complicar a adaptação, voltou acompanhada de seu marido, um irlandês que dava aulas de inglês no ensino médio. Ambos, na Europa, viviam bem e tinham salário fixo -no Brasil, estavam desempregados. "Na prática, eu tive de reconstruir minha carreira." Com tempo vago, Márcia fez alguns cursos na Universidade Federal de São Paulo, onde se criava um departamento especialmente para estudar o sono. Foi a brecha que a levou a ser, no Brasil, pioneira de pesquisas com crianças e adolescentes. O que era uma pequena sala transformou-se em toda uma ala com 17 quartos. É nesse espaço que ela vê como, por ignorância, crianças são apontadas como burras ou preguiçosas porque não aprendem -quando, na verdade, têm dificuldade de dormir. "Pelo menos 20% dos estudantes sofrem de algum tipo de dificuldade do sono por falhas respiratórias", diz a neuropediatra. Na adolescência é comum, segundo ela, a mudança no relógio biológico. "É uma mudança incompreendida pelos pais e professores. Daí a sua proposta de que as escolas aprendam a lição de biologia e deixem os seus alunos ficarem mais tempo na cama. Por enquanto, uma idéia que só apareceria no sonho dos adolescentes. gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Preso administrador acusado de roubar e estuprar dez mulheres Próximo Texto: A cidade é sua: Leitora reclama de acidente sofrido por sua mãe em banco Índice |
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