São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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Mais 2 recém-nascidos morrem em maternidade do Amapá

Total de bebês mortos em fevereiro no hospital já chega a 14, o dobro da média

ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA

Mais dois recém-nascidos morreram entre terça-feira e anteontem na Maternidade Mãe Luzia, em Macapá (AP). O número de bebês mortos em fevereiro já chega a 14 -o dobro da média mensal de 2009. Já são 28 mortes desde janeiro.
A diretora clínica da maternidade, Nice Carvalho da Silva, disse que um dos bebês já nasceu morto e outro morreu de problemas decorrentes de uma infecção, na UTI neonatal. Infecções estão entre as causas de morte em 13 dos 28 casos.
A diretora atribui o problema à falta de atendimento pré-natal. Segundo ela, a ausência de acompanhamento médico na gestação faz com que, muitas vezes, o nenê pegue infecções da própria mãe ou que ocorram complicações no parto.
Em novembro, porém, relatórios da Vigilância Sanitária do Amapá e do Conselho Regional de Medicina apontaram problemas na esterilização do hospital. A reforma para adequação às exigências dos órgãos só foi iniciada na quarta-feira.
Neonatologistas ouvidos pela Folha manifestaram preocupação com a elevada ocorrência de sepse (infecção generalizada) entre os mortos: 12 deles tiveram o problema. "Certamente, essa unidade está colonizada por bactérias", diz o neonatologista Wilson Guimarães, ex-diretor da UTI neonatal do hospital pediátrico Pequeno Príncipe (PR).
Entre os fatores que podem provocar infecções, segundo ele, estão a lavagem de mãos inadequada, a falta de manutenção de equipamentos e a inadequação no uso de luvas e máscaras.
A grande ocorrência de asfixia (registrada em oito casos) também é considerada preocupante. "Asfixia é bastante evitável quando há um profissional habilitado. Isso reflete a qualidade do atendimento", afirma o neonatologista Paulo Nader, da Sociedade Brasileira de Pediatria.
A UTI neonatal da maternidade conta com apenas duas incubadoras (equipamento que mantém a temperatura do bebê e o protege de infecções hospitalares) para seis leitos. O ideal seria que a UTI possuísse um por leito, conforme portaria do Ministério da Saúde.
Silva afirma que as outras quatro incubadoras funcionavam "até algum tempo atrás", quando um problema elétrico as inutilizou. Segundo ela, o reparo das incubadoras está sendo providenciado e a falta delas não chega a causar transtornos.


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