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Mais 2 recém-nascidos morrem em maternidade do Amapá
Total de bebês mortos em fevereiro no hospital já chega a 14, o dobro da média
ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA
Mais dois recém-nascidos
morreram entre terça-feira e
anteontem na Maternidade
Mãe Luzia, em Macapá (AP). O
número de bebês mortos em fevereiro já chega a 14 -o dobro
da média mensal de 2009. Já
são 28 mortes desde janeiro.
A diretora clínica da maternidade, Nice Carvalho da Silva,
disse que um dos bebês já nasceu morto e outro morreu de
problemas decorrentes de uma
infecção, na UTI neonatal. Infecções estão entre as causas de
morte em 13 dos 28 casos.
A diretora atribui o problema
à falta de atendimento pré-natal. Segundo ela, a ausência de
acompanhamento médico na
gestação faz com que, muitas
vezes, o nenê pegue infecções
da própria mãe ou que ocorram
complicações no parto.
Em novembro, porém, relatórios da Vigilância Sanitária
do Amapá e do Conselho Regional de Medicina apontaram
problemas na esterilização do
hospital. A reforma para adequação às exigências dos órgãos
só foi iniciada na quarta-feira.
Neonatologistas ouvidos pela Folha manifestaram preocupação com a elevada ocorrência de sepse (infecção generalizada) entre os mortos: 12 deles
tiveram o problema. "Certamente, essa unidade está colonizada por bactérias", diz o
neonatologista Wilson Guimarães, ex-diretor da UTI neonatal do hospital pediátrico Pequeno Príncipe (PR).
Entre os fatores que podem
provocar infecções, segundo
ele, estão a lavagem de mãos
inadequada, a falta de manutenção de equipamentos e a
inadequação no uso de luvas e
máscaras.
A grande ocorrência de asfixia (registrada em oito casos)
também é considerada preocupante. "Asfixia é bastante evitável quando há um profissional habilitado. Isso reflete a
qualidade do atendimento",
afirma o neonatologista Paulo
Nader, da Sociedade Brasileira
de Pediatria.
A UTI neonatal da maternidade conta com apenas duas
incubadoras (equipamento que
mantém a temperatura do bebê e o protege de infecções hospitalares) para seis leitos. O
ideal seria que a UTI possuísse
um por leito, conforme portaria do Ministério da Saúde.
Silva afirma que as outras
quatro incubadoras funcionavam "até algum tempo atrás",
quando um problema elétrico
as inutilizou. Segundo ela, o reparo das incubadoras está sendo providenciado e a falta delas
não chega a causar transtornos.
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