São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011

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Bahia quer adotar UPP para conter violência

Estado seguirá modelo de Unidade de Polícia Pacificadora presente no Rio

Entre 2007 e 2010, os homicídios em Salvador e região metropolitana aumentaram 32,8%; tráfico é o problema

MATHEUS MAGENTA
DE SALVADOR

Sem conseguir reduzir o número de homicídios e o avanço do tráfico de drogas na Bahia, o governo estadual planeja adotar o projeto de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), modelo de policiamento comunitário permanente implementado em favelas do Rio de Janeiro.
A primeira unidade deve ser construída com recursos estaduais e também do governo federal até o final deste ano, no bairro Nordeste de Amaralina, um dos mais violentos de Salvador.
Entre 2007 e 2010, o número de homicídios em Salvador e na região metropolitana aumentou 32,8%, sendo que a partir de 2009 o índice ficou praticamente estável.
De acordo com o governo baiano, 80% das mortes registradas estão ligadas ao tráfico de drogas.
A estrutura da futura base comunitária e o número de unidades que serão instaladas, no entanto, ainda não foram definidos. O modelo do policiamento nas comunidades cariocas deve ser adaptado à geografia de Salvador, menos acidentada.
A iniciativa sinaliza uma mudança na política de segurança pública empregada pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), em seu segundo mandato.
Nos últimos quatro anos, a ação policial foi marcada por operações em favelas que derrubaram os principais líderes do tráfico local.
A repressão, porém, não conseguiu evitar a ascensão de outros traficantes nem reduzir significativamente o comércio de drogas.
Para o novo secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, o terceiro a assumir o cargo desde 2007, "ações pontuais não fazem mais a diminuição dos índices [de violência]".
"Dentro desse [novo] programa de segurança pública, teremos ações de policiamento preventivo, com as bases comunitárias de segurança. A polícia tem que estar presente para evitar a entrada traumática nessas comunidades" afirma Barbosa.

VALORIZAÇÃO POLICIAL
A adoção do modelo de UPP na Bahia foi elogiada por especialistas em segurança pública ouvidos pela Folha, mas eles afirmam que a medida precisa ser acompanhada da valorização dos policiais, com melhor remuneração e capacitação.
A socióloga Ivone Freire Costa, que coordena um programa sobre segurança na Universidade Federal da Bahia, diz que o modelo vai além do policiamento.
"É uma abordagem sistêmica de segurança, que reaproxima a sociedade da polícia e inclui ações de infraestrutura, como iluminação e saneamento básico", afirma.


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