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VIOLÊNCIA
Justiça diz que não há prova de ligação com PCC
Após um ano, motivação de morte de juiz permanece desconhecida
CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE
Um ano depois do assassinato
do juiz-corregedor de Presidente
Prudente (SP), Antônio José Machado Dias, 47, os motivos e os
mandantes da ação ainda são desconhecidos pela Justiça.
O inquérito está aberto e o Ministério Público Estadual investiga o caso. Alguns promotores da
cidade, onde tramitam os processos, dizem que não há prova de
que o crime ocorreu a mando do
PCC (Primeiro Comando da Capital), principal versão da polícia.
"Não há acusação formal contra
o PCC por mando do crime", diz
Valdemir Pavarina, um dos nove
promotores que cuidam do caso.
Até a noite de 14 de março de
2003, quando foi morto numa
emboscada, Machado Dias era
responsável por julgar benefícios
e transferências de presos de sete
penitenciárias da região, incluindo o CRP (Centro de Readaptação
Penitenciária) de Presidente Bernardes, onde há líderes da facção
e o traficante Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
Ao deixar o fórum onde trabalhava, o magistrado teve o seu carro, um Vectra, interceptado por
um Fiat Uno ocupado por dois
homens. Um deles deixou o veículo e o atingiu com três tiros de
pistola. Machado Dias, que já havia sido ameaçado e dois dias antes do crime dispensou a escolta
pessoal, morreu no local.
Três dos quatro acusados de ligação direta com o crime estão
presos no CRP: Reinaldo Teixeira
dos Santos, 25, o Funchal, acusado de atirar; Ronaldo Dias, 27, o
Chocolate, que dirigiria o Fiat
Uno; e João Carlos Rangel Luisi,
31, o Jonny, acusado de comprar o
carro usado na emboscada. Adilson Daghia, 35, o Di ou Ferrugem,
acusado de dirigir um dos carros
usados na ação, está foragido.
Eles são denunciados por homicídio qualificado por motivo torpe e emboscada, cuja pena varia
de 12 a 30 anos de prisão em regime fechado. A Agência Folha não
conseguiu achar seus advogados.
A polícia aponta o PCC como
mandante do crime em represália
às decisões do juiz. Segundo a delegada Ieda Filgueiras, que presidiu o inquérito, o principal indício contra o PCC é um bilhete interceptado por agentes penitenciários, dias após o crime, no presídio de segurança máxima de
Avaré (262 km de SP).
Segundo a polícia, o bilhete foi
escrito por Jeremias de Simone,
conhecido como Gegê do Mangue, e era endereçado ao líder
atual do PCC, Marcos Willians
Herbas Camacho, o Marcola. "No
bilhete cifrado havia a comunicação que o crime teria dado certo."
Os acusados negam participação no crime.
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