São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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VIOLÊNCIA

Justiça diz que não há prova de ligação com PCC

Após um ano, motivação de morte de juiz permanece desconhecida

CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE

Um ano depois do assassinato do juiz-corregedor de Presidente Prudente (SP), Antônio José Machado Dias, 47, os motivos e os mandantes da ação ainda são desconhecidos pela Justiça.
O inquérito está aberto e o Ministério Público Estadual investiga o caso. Alguns promotores da cidade, onde tramitam os processos, dizem que não há prova de que o crime ocorreu a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital), principal versão da polícia.
"Não há acusação formal contra o PCC por mando do crime", diz Valdemir Pavarina, um dos nove promotores que cuidam do caso.
Até a noite de 14 de março de 2003, quando foi morto numa emboscada, Machado Dias era responsável por julgar benefícios e transferências de presos de sete penitenciárias da região, incluindo o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes, onde há líderes da facção e o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
Ao deixar o fórum onde trabalhava, o magistrado teve o seu carro, um Vectra, interceptado por um Fiat Uno ocupado por dois homens. Um deles deixou o veículo e o atingiu com três tiros de pistola. Machado Dias, que já havia sido ameaçado e dois dias antes do crime dispensou a escolta pessoal, morreu no local.
Três dos quatro acusados de ligação direta com o crime estão presos no CRP: Reinaldo Teixeira dos Santos, 25, o Funchal, acusado de atirar; Ronaldo Dias, 27, o Chocolate, que dirigiria o Fiat Uno; e João Carlos Rangel Luisi, 31, o Jonny, acusado de comprar o carro usado na emboscada. Adilson Daghia, 35, o Di ou Ferrugem, acusado de dirigir um dos carros usados na ação, está foragido.
Eles são denunciados por homicídio qualificado por motivo torpe e emboscada, cuja pena varia de 12 a 30 anos de prisão em regime fechado. A Agência Folha não conseguiu achar seus advogados.
A polícia aponta o PCC como mandante do crime em represália às decisões do juiz. Segundo a delegada Ieda Filgueiras, que presidiu o inquérito, o principal indício contra o PCC é um bilhete interceptado por agentes penitenciários, dias após o crime, no presídio de segurança máxima de Avaré (262 km de SP).
Segundo a polícia, o bilhete foi escrito por Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue, e era endereçado ao líder atual do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. "No bilhete cifrado havia a comunicação que o crime teria dado certo."
Os acusados negam participação no crime.


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