São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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SEGURANÇA

Wanderley Salgado de Paiva, que manteve contato na prisão com delegado suspeito de tortura e extorsão, não foi ferido

Carro de juiz é atingido por dois tiros em BH

Eugenio Moraes/"Hoje em Dia"
Policiais vistoriam carro de Wanderley Salgado de Paiva; no detalhe, disparos que atigiram o veículo


THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O juiz-corregedor e diretor do Fórum de Belo Horizonte, Wanderley Salgado de Paiva, 48, sofreu anteontem à noite um atentado na zona norte da cidade. O carro que dirigia foi atingido por dois tiros, mas ele não foi ferido.
Segundo o boletim de ocorrência registrado no 34º Batalhão de Polícia Militar de Belo Horizonte, o juiz seguia para a casa de parentes, quando uma moto com dois homens se aproximou e um deles disparou diversas vezes contra seu carro -dois tiros atingiram a porta dianteira do passageiro.
Paiva é uma das autoridades flagradas em gravações telefônicas autorizadas pela Justiça no celular do delegado Marco Túlio Fadel, que está com a prisão preventiva decretada pelos supostos crimes de tortura, coação de testemunhas e concussão (extorsão praticada por funcionário público).
As ligações eram feitas de dentro do Deoesp (divisão de elite da Polícia Civil do Estado), onde Fadel esteve preso entre outubro de 2003 e fevereiro deste ano, quando a Justiça revogou sua prisão. Fadel está foragido desde a expedição dos novos mandados.

Bilhete
Um bilhete datilografado foi achado próximo ao carro do juiz, com informações sobre o veículo e a rotina dele. O texto, sem pontuação, cita o deputado estadual Durval Ângelo (PT), que divulgou as gravações e pediu o afastamento de Paiva do cargo. "O carro do dr [sic] bandido fruta podre da magistratura mineira como falou o deputado Durval Ângelo é um Fiesta velho", diz um trecho.
Do juiz Paiva, ex-delegado, Fadel recebia, na prisão, orientações jurídicas. Em uma das ligações, Fadel coloca Paiva em contato com o vereador de Belo Horizonte Rui Resende (PSDB). "O Fadel está aqui meio... meio preocupado com isso", diz Resende. "Arrumaram... a juíza [de Igarapé, Grande BH] arrumou pra cabeça dele aí", responde Paiva.
Em nota divulgada ontem, o deputado diz que o fato de seu nome ter aparecido no bilhete é um "golpe" visando atingir sua pessoa e "colocar em xeque a credibilidade das denúncias" que ele fez.
Paiva não se manifestou ontem. Em nota divulgada na terça, ele disse que seu nome estava sendo usado e que só prestou, como ex-professor de Fadel, informações solicitadas pelo delegado. Resende também não se pronunciou.
O Tribunal de Justiça de Minas e a Associação dos Magistrados Mineiros divulgaram ontem nota dizendo que as notícias veiculadas pela imprensa sobre o caso de Fadel, por transcreverem "parcialmente" fitas gravadas, "não comprovam a realidade dos fatos, que precisam ser melhor apurados".
A nota manifesta ainda repúdio "à crítica generalizada dirigida aos membros do Judiciário mineiro" e afirma que "o Poder Executivo e suas autoridades policiais irão agir, para a devida apuração de todos os fatos, incluindo os atentados contra autoridades judiciais".


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