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SEGURANÇA
Cerca de 400 homens deixaram morros do Rio após dez dias de buscas frustradas por fuzis roubados em quartel
Sem achar armas, Exército reduz tropas
MAURO TOUGUINHÓ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Depois de dez dias ocupando
morros do Rio e sem obter sucesso na localização de fuzis roubados de um quartel, o Exército começou a reduzir ontem o número
de soldados nas buscas em favelas
das zonas norte e oeste da cidade.
Cerca de 500 homens deixaram
os morros da Providência, da
Mangueira e do Complexo do
Alemão. A saída na Providência,
onde a troca de tiros estava intensa nos últimos dias, foi comemorada com queima de fogos por
traficantes no meio da tarde.
Oficialmente, o Comando Militar do Leste nega que operação tenha terminado, não informa em
que áreas o Exército continua
atuando e afirma ainda que a saída das tropas da Providência e da
Mangueira inicia uma "tática de
maior mobilidade".
Segundo o Exército, cerca de
1.200 homens continuarão a participar da operação, que perderia
a característica de "presença maciça" em áreas da cidade para
atuação "mais seletiva e pontual".
Na busca por dez fuzis e uma
pistola roubados de um quartel,
em São Cristóvão, no dia 3 de
março, militares vasculharam um
depósito abandonado de supermercado, próximo ao morro do
Borel, na Tijuca, zona norte. Informações anônimas apontaram
o local como esconderijo das armas. Cerca de 20 soldados reviraram o local, mas nada foi achado.
O depósito foi uma filial do supermercado Carrefour, hoje desativada. Na busca, alguns tiros no
alto do morro do Borel foram ouvidos, mas não houve confronto.
Ontem, o momento de maior
tensão para as tropas foi na favela
do Metral, em Bangu (zona oeste). Dois traficantes que estavam
numa laje, armados de fuzil, atiraram contra os militares, por volta
das 2h30. No morro da Providência, na zona portuária do Rio, moradores contaram que houve disparos para o alto entre 5h20 e
5h40. Caixas d'água no alto da favela estão furadas. A Companhia
Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) negou que haja furos nelas.
No decorrer do dia, o clima foi
de tranqüilidade na Providência.
Os militares foram menos rigorosos nas revistas e entregaram panfletos pedindo a colaboração da
comunidade com informações
sobre o paradeiro das armas.
O acesso das vans que fazem
transporte alternativo foi liberado
até o alto da favela. Apesar da aparente calma, uma padaria, após
três dias fechada, funciona com
meia porta aberta. Uma missa
que ocorreria às 8h, na igreja Nossa Senhora da Penha, foi suspensa. Por volta de 13h30, os soldados
começaram a se recolher na Providência e saíram sob vaias. Na
Mangueira, onde as tropas também se retiraram, houve grande
movimento no local conhecido
como Buraco Quente, onde existe
venda de drogas.
O menor baleado no antebraço
esquerdo na sexta-feira no morro
do Pinto, em frente ao morro da
Providência, segue internado. Genilson dos Santos Batista, 12, está
na enfermaria do hospital Souza
Aguiar, no centro, e passa bem.
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