São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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SEGURANÇA

Cerca de 400 homens deixaram morros do Rio após dez dias de buscas frustradas por fuzis roubados em quartel

Sem achar armas, Exército reduz tropas

MAURO TOUGUINHÓ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Depois de dez dias ocupando morros do Rio e sem obter sucesso na localização de fuzis roubados de um quartel, o Exército começou a reduzir ontem o número de soldados nas buscas em favelas das zonas norte e oeste da cidade.
Cerca de 500 homens deixaram os morros da Providência, da Mangueira e do Complexo do Alemão. A saída na Providência, onde a troca de tiros estava intensa nos últimos dias, foi comemorada com queima de fogos por traficantes no meio da tarde.
Oficialmente, o Comando Militar do Leste nega que operação tenha terminado, não informa em que áreas o Exército continua atuando e afirma ainda que a saída das tropas da Providência e da Mangueira inicia uma "tática de maior mobilidade".
Segundo o Exército, cerca de 1.200 homens continuarão a participar da operação, que perderia a característica de "presença maciça" em áreas da cidade para atuação "mais seletiva e pontual".
Na busca por dez fuzis e uma pistola roubados de um quartel, em São Cristóvão, no dia 3 de março, militares vasculharam um depósito abandonado de supermercado, próximo ao morro do Borel, na Tijuca, zona norte. Informações anônimas apontaram o local como esconderijo das armas. Cerca de 20 soldados reviraram o local, mas nada foi achado.
O depósito foi uma filial do supermercado Carrefour, hoje desativada. Na busca, alguns tiros no alto do morro do Borel foram ouvidos, mas não houve confronto.
Ontem, o momento de maior tensão para as tropas foi na favela do Metral, em Bangu (zona oeste). Dois traficantes que estavam numa laje, armados de fuzil, atiraram contra os militares, por volta das 2h30. No morro da Providência, na zona portuária do Rio, moradores contaram que houve disparos para o alto entre 5h20 e 5h40. Caixas d'água no alto da favela estão furadas. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) negou que haja furos nelas.
No decorrer do dia, o clima foi de tranqüilidade na Providência. Os militares foram menos rigorosos nas revistas e entregaram panfletos pedindo a colaboração da comunidade com informações sobre o paradeiro das armas.
O acesso das vans que fazem transporte alternativo foi liberado até o alto da favela. Apesar da aparente calma, uma padaria, após três dias fechada, funciona com meia porta aberta. Uma missa que ocorreria às 8h, na igreja Nossa Senhora da Penha, foi suspensa. Por volta de 13h30, os soldados começaram a se recolher na Providência e saíram sob vaias. Na Mangueira, onde as tropas também se retiraram, houve grande movimento no local conhecido como Buraco Quente, onde existe venda de drogas.
O menor baleado no antebraço esquerdo na sexta-feira no morro do Pinto, em frente ao morro da Providência, segue internado. Genilson dos Santos Batista, 12, está na enfermaria do hospital Souza Aguiar, no centro, e passa bem.


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