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Chalita reage a críticas e ataca gestão Serra
Alvo no próprio PSDB, ex-secretário da Educação nega ter desmontado programas necessários para êxito da progressão continuada
Para ele, problemas ocorreram na implantação do programa e na
falta de envolvimento das famílias com a escola
Marcelo Ximenez/Folha Imagem
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Gabriel Chalita, secretário da Educação do governo Alckmin |
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Alvo de críticas no próprio
PSDB após a queda de São Paulo nos principais rankings de
educação, o secretário do governo Geraldo Alckmin, Gabriel Chalita, disse que o mau
desempenho ocorreu devido à
má implementação da progressão continuada e pela falta de
envolvimento das famílias.
As declarações são uma resposta aos ataques de sua antecessora, Rose Neubauer (governo Mário Covas), responsável pela implantação da progressão, que reclamou que
Chalita teria desmontado alguns dos projetos essenciais
para o êxito do programa.
O ex-secretário atacou o governo José Serra, que reduziu
pela metade o projeto Escola da
Família, que prevê abertura de
escolas aos finais de semana -a
secretária Maria Lúcia Vasconcelos não se pronunciou.
FOLHA - Por que SP vai tão mal nos
exames de qualidade de ensino?
GABRIEL CHALITA - Ele reflete um
pouco a realidade brasileira. Os
Estados não estão bem. E não
há um culpado para esse problema. A escola sozinha não resolve os problemas educacionais. Há muitas coisas em que a
educação de São Paulo melhorou, e em outras, não. O índice
de evasão caiu, a repetência
caiu, havia longas filas para
conseguir vaga. Isso não existe
mais. Há índices ruins no Saeb?
Há, como no Brasil todo.
FOLHA - Mas SP cai mais do que os
outros Estados no Saeb.
CHALITA - Se você pegar a minha gestão, não houve queda.
De qualquer forma, não vou dizer que a educação seja a ideal.
E há uma série de fatores que
explicam isso. Há essa falta de
envolvimento das famílias, a
inclusão de alunos que estavam
fora da escola e a implantação
da progressão continuada.
FOLHA - O sr. fala em problemas
das famílias, mas e a participação do
governo no quadro negativo?
CHALITA - Falta o Estado convencer a família de que ela faz
parte do processo educativo. O
segundo ponto é investir mais
na formação de professores.
Agora, o Brasil sofre um processo em que quando você tem
a troca de um governante,
quem entra pára o que outro
fez. Você trunca o processo.
FOLHA - Neubauer acusa o sr. de
ter desmontado projetos dela.
CHALITA - Não parei nenhum
processo da Rose. Não sei sobre
o que ela se refere.
FOLHA - Ela citou o reforço semanal, a recuperação nas férias e a capacitação focada para professores.
CHALITA - A recuperação continuou. Só acabou a das férias,
porque não estava resolvendo,
mas ampliamos a recuperação
paralela [na semana]. Continuei os programas de formação
e ampliei-os. Os recursos para
isso cresceram mais ou menos
dez vezes. A única crítica que eu
poderia fazer à Rose foi a forma
como foi implantada a progressão continuada. Você não desce
isso goela abaixo do professor,
precisa convencê-lo.
FOLHA - Essa má implantação explica os maus desempenhos de SP?
CHALITA - Em parte. Como você
impôs, o professor rejeitou a
proposta e não educou como
deveria. Mas o tempo vai mostrar que o projeto é interessante, como foi na Inglaterra, onde
também houve resistência.
FOLHA - Educadores dizem que o
governo não deu condições para
uma boa recuperação.
CHALITA - Aos poucos, você precisa reduzir o número de alunos em sala. É um processo.
FOLHA - Mas Alckmin vetou projeto aprovado pela Assembléia que limitava o número de alunos por sala.
CHALITA - Você tem momentos.
Primeiro, colocam-se todos os
alunos na escola. Agora, aumenta-se a carga horária. Você
não consegue fazer tudo ao
mesmo tempo. Optamos por
aumentar a carga. Criamos a
Escola de Tempo Integral e aumentamos de quatro para seis
horas a carga do ensino médio.
FOLHA - Como o sr. avalia o corte
no Escola da Família?
CHALITA - A gente tinha um
problema de pichação, de violência, que era imenso. E caiu
muito após o projeto. Como
educador, e não falo em nome
do Geraldo [Alckmin], a redução é um equívoco. Começa
muito mal o governo Serra.
FOLHA - Parte do dinheiro economizado deverá servir para contratar
um segundo professor para a primeira série.
CHALITA - Nenhum país que
deu certo na educação colocou
dois professores em sala. Para
que inventar? Imagine, dois
professores em uma mesma sala, um vai atrapalhar o outro.
O Orçamento da secretaria
hoje deve ser de R$ 11 bilhões. A
Escola da Família tinha R$ 200
milhões. Não é possível que seja necessário diminuir um projeto desse para começar outro.
O caminho está muito equivocado. E é uma pena que sejamos do mesmo partido.
Eu, como educador, elogio.
Espero, por exemplo, que o
Fernando Haddad continue como ministro [da Educação],
porque eu sinto ali um técnico
no ministério. Você precisa
olhar com humildade para pessoas de outros partidos e elogiar. E olhar para pessoas do
mesmo partido e dizer: "Que
pena que pegou um programa
que deu certo e vai truncá-lo".
Deve ser uma medida do governador, não dela [da secretária]. Não faço aqui uma crítica a
ele. É uma visão de um educador, uma análise do programa,
não das pessoas. [As medidas
tomadas] são frustrantes. Até a
diminuição dos ciclos para dois
anos. Não acho que isso seja o
mais importante. Mas eu sinto
que é algo: "Preciso dar uma
resposta imediata".
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