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Missa de Alana leva poucas pessoas à Candelária
DA SUCURSAL DO RIO
A missa de sétimo dia de Alana Ezequiel, que faria hoje 13
anos e foi morta por uma bala
perdida no morro dos Macacos
(zona norte do Rio) durante
confronto entre policiais e traficantes, não teve a mesma
atenção da população que ganhou a de João Hélio Fernandes, 6, há um mês.
As cadeiras vazias da igreja
da Candelária (centro), com capacidade para mil pessoas, causaram constrangimento aos
cerca de 80 presentes.
"Às vezes as pessoas têm outro sentimento para essas vítimas [de família pobre]. É decepção atrás de decepção. A sociedade põe a culpa nas autoridades, mas não entende o seu
papel. Isso aqui deveria estar
lotado", disse Cleide Prado,
mãe de Gabriela Prado, morta
em 2003 por uma bala perdida.
Organizadora da missa, Patrícia Oliveira, da Rede de Movimentos Contra a Violência,
desabafou: "Quem não sabia
que ia acontecer isso? O objetivo era este mesmo: mostrar a
diferença." Também não havia
moradores do morro dos Macacos. "É a primeira vez que a
gente faz uma missa na Candelária, marco da alta sociedade
do Rio. Talvez eles tenham se
acanhado", disse Oliveira. À
noite, haveria uma missa numa
igreja no acesso à favela.
A missa de João Hélio, arrastado preso ao cinto de segurança do carro dos pais, reuniu
centenas de pessoas no local.
Os pais dele, Rosa Cristina
Fernandes e Elson Lopes Vieites, foram à missa ontem, assim
como Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas, cujo
guitarrista Rodrigo Silva Netto
foi morto em junho.
O secretário de Segurança,
José Mariano Beltrame, e o comandante-geral da PM, Ubiratan Ângelo, também compareceram. Ao consolar a faxineira
Edna Ezequiel, 31, mãe de Alana, Beltrame foi cobrado: "Quero saber de onde veio a bala".
Ele ficou em silêncio.
Mais balas
Duas mulheres foram atingidas por balas perdidas ontem,
na Cidade de Deus (zona oeste).
Não havia operação policial.
Aparecida Gonçalves de Oliveira, 32, atingida na mão, e
Cristiane Barbosa, 19, na perna,
não correm risco de morte.
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