São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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Acidentes de carro bloqueiam por 1h, em média, vias de SP

Tempo de deslocamento de equipes da CET também aumentou nos últimos anos, chegando a 12,2 minutos no primeiro bimestre

Cálculos da CET indicam que 15 min de bloqueio em uma via resultam em 3 km de lentidão, que leva meia hora para se dissipar

João Wainer/Folha Imagem
Acidente entre caminhão e oito carros em rua de Higienópolis; uma pessoa se feriu, enquanto o motorista do caminhão fugiu

RICARDO SANGIOVANNI
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O tempo que as vias ficam interrompidas em razão de acidentes é um dos agravantes do aumento dos congestionamentos na cidade de São Paulo.
Somente nos dois últimos dias em que os índices de lentidão pela manhã bateram recordes, cada um dos 20 principais acidentes levou à obstrução total ou parcial do trânsito, em média, durante uma hora.
Segundo cálculos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a cada 15 minutos de bloqueio em uma via, a lentidão atinge 3 km, que leva meia hora para se dissipar.
O levantamento do tempo de liberação das vias foi feito pela Folha com base em informações divulgadas pela empresa na última quinta-feira, quando as filas somaram 165 km, e anteontem, com 186 km -sexta quebra de recorde em 15 dias.
Ele é reflexo de dois problemas que se agravaram no trânsito paulistano e que têm contribuído com os engarrafamentos: de um lado, as quebras de veículos e acidentes aumentaram; de outro, a CET está demorando mais tempo para chegar aos locais das ocorrências.
Nos dois primeiros meses deste ano, a média mensal de atendimentos pela companhia subiu 12% -atingindo 12.300.
E a demora para as equipes da CET se deslocarem aumentou nos últimos anos. A duração média, que era de 11,8 minutos em 2006, subiu 6% em 2007. No primeiro bimestre de 2008, mesmo em um período de férias, atingiu 12,2 minutos.

Demora
A referência de 60 minutos para desobstruir as ruas é só uma média. Ontem, por exemplo, houve um engavetamento entre um caminhão e oito carros às 13h30 em Higienópolis (centro), mas a rua Engenheiro Edgar Egídio de Souza ainda seguia parcialmente bloqueada cinco horas depois.
O tempo de remoção de veículos quebrados ou acidentados nem sempre depende da CET. O especialista em trânsito Flaminio Fichmann cobra, por exemplo, a integração com outros órgãos -como IML (Instituto Médico Legal)- para acelerar os atendimentos.
A CET também se apóia nesse argumento: diz que a demora é normal em acidentes com vítimas, quando a companhia depende de liberação da polícia ou dos bombeiros para atuar.
Mas há uma série de deficiências do órgão de trânsito, citadas por técnicos e funcionários, que contribuem para elevar esse tempo. Elas começam na comunicação das ocorrências e vão até câmeras quebradas e falta de guinchos.
Até 2004, as chamadas da população eram direcionadas para a linha 194, exclusiva para as emergências de trânsito, que em um só ano chegou a receber mais de 75 mil ligações.
Os alertas, porém, passaram a ser feitos há quase quatro anos pelo número 156, que também centraliza os demais serviços da prefeitura -e que, pela avaliação de empregados da CET, é mais demorado.
Informadas à central, as ocorrências são passadas aos agentes da CET nas ruas, que deveriam portar, cada um, um palmtop (computador de mão).
Mas, como informou a Folha na semana passada, parte deles está sem os aparelhos, que se encontram quebrados e sem manutenção devido à suspensão do contrato pela Secretaria dos Transportes em dezembro.
Entre os 20 principais acidentes nos dias de recorde, houve casos em que a lentidão durou quase seis horas até outros em que tudo foi resolvido em minutos. As interrupções superaram 30 minutos em três quartos dos acidentes.


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