São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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SAÚDE
Estudos mostram que alto teor de flúor e substâncias antioxidantes no produto podem combater placa bacteriana
Chá preto é testado para prevenir cáries

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

Pesquisadores da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) acreditam que o consumo regular do chá preto pode se tornar uma nova arma na prevenção da cárie.
Os indícios surgiram a partir de estudos desenvolvidos há um ano, que revelaram a presença de alto teor de flúor no produto, além de substâncias antioxidantes capazes de combater a placa bacteriana.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Cátia Guerra, se esses benefícios forem confirmados, os antioxidantes -ainda não identificados- poderão ser isolados e eventualmente incluídos nas fórmulas de cremes dentais.
"O próprio chá poderia vir a fazer parte da cesta básica de alimentos", diz a pesquisadora.
Os estudos com o chá preto começaram a partir da observação de levantamentos anteriores realizados por outros pesquisadores no leste da África e na Inglaterra.
Nas pesquisas foi constatada baixa incidência de cárie nas populações africanas sujeitas ao problema, mas que consumiam o produto. Na Inglaterra, onde o hábito de tomar chá é ainda maior, afirmou, observou-se a ocorrência de fluorose -destruição dos dentes por excesso de flúor.
Nos dois casos a variável era o consumo do chá, concluíram os pesquisadores. Na primeira fase do estudo, exames confirmaram a presença do flúor e dos antioxidantes no produto.
Na segunda fase, iniciada em janeiro passado, o objetivo é saber se as substâncias encontradas permanecem no organismo após a ingestão e de que forma elas atuariam na prevenção à cárie.
Para isso, Guerra -que também é professora do departamento de prótese e cirurgia bucofacial da universidade- incluiu 50 estudantes do curso de graduação em odontologia no trabalho.
Por oito meses, cada aluno consumirá uma xícara por dia com 200 ml de chá preto em concentração "normal". Cada xícara, diz a pesquisadora, possui 0,015 ppm (partes por milhão) de flúor, quantidade suficiente para ajudar o organismo a prevenir a cárie, disse.
Segundo ela, o consumo ideal de flúor varia de 0,10 ppm a 0,20 ppm por dia. Quantidades acima disso, afirmou, podem provocar desde a fluorose até a morte.


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