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Bebê morre após ser deixado em carro
Gustavo, de um ano e quatro meses, ficou cerca de 4 horas trancado, após ser esquecido pelo pai, o biólogo Ricardo Garcia
O pai foi autuado por homicídio culposo (sem intenção) pela polícia de Guarulhos (Grande SP) e responderá em liberdade
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ano depois de um acidente idêntico ter ocorrido na
zona norte de São Paulo, um
menino de um ano e quatro
meses morreu, no início da tarde de ontem, em Guarulhos
(Grande São Paulo), após ser
deixado pelo pai, o biólogo Ricardo César Garcia, 31, trancado no carro da família.
O veículo estava parado debaixo de uma árvore no estacionamento descoberto do condomínio de classe média onde o
menino Gustavo vivia com o
pai e a mãe, a enfermeira Magna de Oliveira Garcia.
A polícia acredita que o menino tenha ficado trancado por
quase quatro horas.
Segundo a polícia, ao lembrar
que tinha deixado o filho no
carro, o biólogo ainda chegou a
levá-lo ao hospital, mas a criança morreu minutos após chegar
ao pronto-socorro, onde teve
parada cardiorrespiratória.
Garcia foi autuado por homicídio culposo (sem intenção),
pagou fiança de R$ 300 e responderá em liberdade.
De acordo com a polícia, em
seu depoimento, o biólogo disse que, assim como fazia todos
os dias, saiu de seu apartamento por volta das 7h de ontem,
acompanhado do filho e da mulher, no veículo da família, um
Celta preto com vidros escuros.
Rotineiramente, Garcia deixava a mulher no trabalho dela,
levava o filho para uma creche
e, logo em seguida, ia para o seu
emprego. Ontem, primeiro dia
de férias do biólogo, essa rotina
foi quebrada e ele apenas deixou a mulher no trabalho, esquecendo-se do filho, que iria
para a casa de um parente.
Depois de deixar a mulher,
Garcia, segundo disse à polícia,
voltou para casa, estacionou e
subiu para seu apartamento,
onde dormiu, pois disse ter
sentido fortes dores de cabeça.
Por volta do meio-dia, ao ser
acordado por uma ligação da
mulher, o biólogo lembrou que
o garoto estava no carro.
Uma vizinha relatou que
Garcia desceu gritando que tinha esquecido o filho dentro do
carro. Ela conta ter visto o momento em que o biólogo abriu a
porta do veículo e, aos prantos,
retirou o menino. "O menino
estava mole e o pai saiu pelo
meio da rua pedindo ajuda",
disse Dolores Fernandes, 38.
Uma moradora que chegava
ao condomínio levou o pai e o
filho para o hospital, mas o garoto não resistiu. O atestado de
óbito, elaborado pelo IML da
cidade, apontou como desconhecida a causa da morte.
Amostras de sangue e das vísceras serão encaminhadas ao
IML de São Paulo para a elaboração de um laudo completo.
Até a conclusão desta edição,
a família não tinha retirado o
corpo do menino.
Na academia
Em 12 de abril de 2006, um
garoto de um ano e três meses
morreu na zona norte após o
pai, Carlos Alberto Legal Filho,
um administrador de academia, à época com 35 anos, também tê-lo deixado no carro.
Assim como ocorreu ontem
em Guarulhos, o administrador
também disse que a quebra da
rotina foi a causa do incidente
fatal. Depois de deixar a mulher
numa estação do metrô, ele deveria deixar o filho em uma creche, mas acabou pulando essa
etapa e foi direto para a academia, na avenida Ataliba Leonel,
onde parou o carro no estacionamento, sob um forte calor.
Trancado por cerca de cinco
horas e meia, o bebê também
sofreu parada cardiorrespiratória, além de queimaduras de
primeiro e segundo graus e desidratação grave. Naquele 12 de
abril fazia cerca de 27C.
Colaboraram DANIELA ARRAIS, da Redação,
JOEL SILVA , repórter fotográfico, e o "Agora"
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