São Paulo, sexta-feira, 13 de abril de 2007

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Bebê morre após ser deixado em carro

Gustavo, de um ano e quatro meses, ficou cerca de 4 horas trancado, após ser esquecido pelo pai, o biólogo Ricardo Garcia

O pai foi autuado por homicídio culposo (sem intenção) pela polícia de Guarulhos (Grande SP) e responderá em liberdade

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ano depois de um acidente idêntico ter ocorrido na zona norte de São Paulo, um menino de um ano e quatro meses morreu, no início da tarde de ontem, em Guarulhos (Grande São Paulo), após ser deixado pelo pai, o biólogo Ricardo César Garcia, 31, trancado no carro da família. O veículo estava parado debaixo de uma árvore no estacionamento descoberto do condomínio de classe média onde o menino Gustavo vivia com o pai e a mãe, a enfermeira Magna de Oliveira Garcia. A polícia acredita que o menino tenha ficado trancado por quase quatro horas.
Segundo a polícia, ao lembrar que tinha deixado o filho no carro, o biólogo ainda chegou a levá-lo ao hospital, mas a criança morreu minutos após chegar ao pronto-socorro, onde teve parada cardiorrespiratória. Garcia foi autuado por homicídio culposo (sem intenção), pagou fiança de R$ 300 e responderá em liberdade.
De acordo com a polícia, em seu depoimento, o biólogo disse que, assim como fazia todos os dias, saiu de seu apartamento por volta das 7h de ontem, acompanhado do filho e da mulher, no veículo da família, um Celta preto com vidros escuros. Rotineiramente, Garcia deixava a mulher no trabalho dela, levava o filho para uma creche e, logo em seguida, ia para o seu emprego. Ontem, primeiro dia de férias do biólogo, essa rotina foi quebrada e ele apenas deixou a mulher no trabalho, esquecendo-se do filho, que iria para a casa de um parente.
Depois de deixar a mulher, Garcia, segundo disse à polícia, voltou para casa, estacionou e subiu para seu apartamento, onde dormiu, pois disse ter sentido fortes dores de cabeça. Por volta do meio-dia, ao ser acordado por uma ligação da mulher, o biólogo lembrou que o garoto estava no carro.
Uma vizinha relatou que Garcia desceu gritando que tinha esquecido o filho dentro do carro. Ela conta ter visto o momento em que o biólogo abriu a porta do veículo e, aos prantos, retirou o menino. "O menino estava mole e o pai saiu pelo meio da rua pedindo ajuda", disse Dolores Fernandes, 38.
Uma moradora que chegava ao condomínio levou o pai e o filho para o hospital, mas o garoto não resistiu. O atestado de óbito, elaborado pelo IML da cidade, apontou como desconhecida a causa da morte. Amostras de sangue e das vísceras serão encaminhadas ao IML de São Paulo para a elaboração de um laudo completo. Até a conclusão desta edição, a família não tinha retirado o corpo do menino.

Na academia
Em 12 de abril de 2006, um garoto de um ano e três meses morreu na zona norte após o pai, Carlos Alberto Legal Filho, um administrador de academia, à época com 35 anos, também tê-lo deixado no carro. Assim como ocorreu ontem em Guarulhos, o administrador também disse que a quebra da rotina foi a causa do incidente fatal. Depois de deixar a mulher numa estação do metrô, ele deveria deixar o filho em uma creche, mas acabou pulando essa etapa e foi direto para a academia, na avenida Ataliba Leonel, onde parou o carro no estacionamento, sob um forte calor.
Trancado por cerca de cinco horas e meia, o bebê também sofreu parada cardiorrespiratória, além de queimaduras de primeiro e segundo graus e desidratação grave. Naquele 12 de abril fazia cerca de 27C.


Colaboraram DANIELA ARRAIS, da Redação, JOEL SILVA , repórter fotográfico, e o "Agora"


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