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Líder no Brasil, Arcoxia é barrado nos EUA
Conselho da agência reguladora de medicamentos americana rejeitou autorizar venda da pílula, usada como antiinflamatório
Decisão será submetida à direção do órgão, que, historicamente, segue o parecer dos conselheiros; resultado sai até o fim do mês
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O conselho da FDA (a agência reguladora de medicamentos e comida dos EUA) rejeitou
ontem, por 20 votos a 1, o pedido da farmacêutica Merck para
comercializar a pílula Arcoxia,
usado como analgésico e antiinflamatório, no mercado
americano. O argumento é que
o remédio pode aumentar riscos de doenças coronarianas.
O medicamento é hoje o antiinflamatório de poder analgésico mais vendido no Brasil em
sua categoria, largamente indicado no tratamento da artrite,
por exemplo. Ele é da mesma
classe do Vioxx, retirado do
mercado em 2004 por causa do
risco de complicações cardiovasculares. Há ainda pelo menos três outras drogas de ação
semelhante no mercado.
Segundo a FDA, só nos EUA a
Arcoxia poderia causar 30 mil
infartos por ano. "Trata-se do
maior desastre de saúde pública em potencial", diz David
Graham, médico-conselheiro
da agência americana.
Nas farmácias brasileiras, a
apresentação de 120mg do Arcoxia, com quatro comprimidos, é vendida, em média, por
R$ 34. O medicamento é comercializado hoje em outros 62
países, além do Brasil.
A FDA afirma que a Arcoxia
tem três vezes mais chances de
induzir um infarto que drogas
da mesma classe.
Depois de uma bateria de testes com 34 mil pacientes que
sofrem de artrite nos EUA, a
FDA avalia que a substância
"etoricoxib" não é mais eficaz
no alívio da dor e aumenta a
pressão arterial.
O conselho da FDA não tem
poder de veto, apenas recomenda ou não a liberação de
uma nova droga no mercado.
Historicamente, a agência segue a orientação dos conselheiros. A decisão final sai até o fim
do mês. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
deve se pronunciar hoje sobre a
decisão do FDA.
Para a Merck, os riscos da Arcoxia não são maiores que os do
diclofenaco, remédio amplamente usado em todo o mundo
como antiinflamatório. O fabricante diz que 21 milhões de
americanos que sofrem de artrite precisam de uma nova
droga no mercado.
"Já era esperado. Eram medicações com farmacologia similares. Com isso era provável
que o Arcoxia tivesse o mesmo
efeito colateral sobre o aparelho cardiovascular que o Vioxx.
Mas aparentemente o perigo
está no uso crônico. O uso dele
é muito disseminado na medicina", afirma Danilo Possídio,
endocrinologista.
Para o clínico-geral Joel Tedesco, do Hospital das Clínicas
de São Paulo, a substituição do
Vioxx pelo Arcoxia foi "trocar
seis por meia dúzia". "É um sucesso de marketing absoluto,
especialmente nos consultórios dos dentistas e dos ortopedistas", avalia o médico. Tedesco disse acreditar que o Brasil
seguirá a orientação do FDA.
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