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Empresários vão à Justiça para alugar cães em Curitiba
Vereadores aprovaram no início deste ano uma lei que proíbe que animais de guarda sejam alugados na cidade
Donos de locadoras dizem que cachorros não são maltratados; três empresas obtiveram liminares para continuar funcionando
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cachorros estão no centro
de uma briga judicial em Curitiba. O aluguel de cães de guarda está proibido desde janeiro,
por força de uma lei municipal.
No entanto, empresas estão ganhando nos tribunais permissão para manter seus negócios.
Três locadoras obtiveram liminares (decisões provisórias
que devem ser obedecidas imediatamente, enquanto não se
julga o caso) para continuar
alugando cachorros. A prefeitura reage, na própria Justiça,
tentando fechar as empresas.
Até o início deste ano, nove
locadoras de cães de guarda
funcionavam formalmente na
região de Curitiba. Os principais clientes são imobiliárias e
construtoras, que utilizam os
animais para proteger as propriedades contra ladrões durante a noite.
A maior empresa é a Feroz
Cão de Guarda, que funciona há
oito anos e tem cerca de 600 cachorros. Grande parte é da raça
rotweiller. O aluguel de dois
animais custa R$ 230 por mês.
Ainda que estejam na propriedade do cliente, os cães são
cuidados pelas próprias locadoras. Um funcionário limpa o local e alimenta os animais.
Maltratados
As críticas a esse tipo de negócio sempre existiram, mas se
intensificaram no ano passado,
quando entidades de proteção
animal procuraram o Ministério Público e os vereadores de
Curitiba para denunciar que
cães alugados estavam sendo
maltratados. Segundo esses
grupos, os cachorros passavam
sede e fome e não recebiam cuidados veterinários.
Os vereadores encamparam
a bandeira dos animais e aprovaram uma lei contra o aluguel
de cães, que passou a valer na
segunda semana de janeiro.
Poucos dias depois, a Feroz
Cão de Guarda obteve a primeira liminar para manter a locação. "Se os cachorros brigam ou
adoecem, esses grupos me acusam de maus-tratos. Se um cachorro morre, me acusam de
maus-tratos. Se o dono da empresa não corta o mato, me acusam de maus-tratos", diz o dono da empresa, Jair Pereira Jr.
Fernando Silva, dono da Dog
Seg, concorda que não há
maus-tratos. Ele também obteve uma liminar na Justiça. "A
prefeitura deveria fiscalizar se
os cães são mesmo maltratados. Em vez disso, simplesmente acaba com todo o mercado. É
uma coisa arbitrária."
A Prefeitura de Curitiba diz
que o aluguel de cães não pode
existir porque esse tipo de atividade comercial não é regulamentado. A lei municipal impõe uma multa de R$ 500 por
cada animal encontrado, tanto
à locadora quanto à empresa
que a contratou.
A prefeitura tem recebido
denúncias, porém nenhuma infração foi constatada. Houve
casos em que as pessoas apresentaram documentos de compra dos cães. "Suspeitamos que
esses papéis sejam falsos e estejam mascarando o aluguel", diz
José Luiz Filippetto, do Departamento de Fiscalização.
Para promover os negócios,
as locadoras apontam o fato de
cães serem mais baratos que vigias armados. Há empresas
desse tipo em outras cidades,
como Porto Alegre e São Paulo.
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